As redes móveis são estratégicas para o negócio da música no digital

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“Moçambique tem um potencial de criatividade alto”, frisou Paulo Chibanga, a considerar que um investimento estruturado no uso dos serviços da música no mercado digital poderá constituir-se uma cadeia de valor sustentável.

O director da modigi – Moçambique Digital, argumentou a posição a apontar o facto do país ser maioritariamente constituído por jovens – conforme ATLAS MUNDIAL DE DADOS, cuja faixa etária média é de 17 anos -, camada que mais produz e consome a arte sonora.

Paulo Chibanga, que é igualmente responsável pelo Festival Azgo, partilhou esta visão num webinar organizado pela mogidi em parceria com a Plataforma Mbenga Artes e Reflexões.

 Intitulada “Como ganhar dinheiro através da música no mercado digital?”, a sessão de conversa teve ainda os músicos Stewart Sukuma e G2, sendo este último desenvolvedor da primeira plataforma de Streaming em Moçambique, a Mozik Play.

Acompanhe a conversa:

Nos Estados Unidos de Ámerica, prosseguiu Chibanga, o sector em debate, é comparado, em termos de volume de negócio, com a indústria de óleo e gás, o que significa que não estruturando-o, o país pode estar a negligenciar um potencial gerador de empregos.

“Ainda não existe indústria de música em Moçambique”, criticou o baterista da banda 340 ml, considerando-a fundamental para que este sector do Sistema das Artes e Indústrias Culturais e Criativas, possa ser financeiramente aliciante.

Na cadeia de valores, entretanto, observou, ainda falta muita coisa. Numa analogia com o relógio Stewar Sukuma, na conversa, designou de peças [para que a hora esteja certa]. E o autor de “Male” foi claro: estaremos atrasados.

Porque nem tudo é tragédia, aponta Chibanga, o elemento principal, que é a música ao vivo, já está a produzir milionários no país.    

“Na verdade, nós estamos a tentar montar essa indústria que começa dos concertos, direitos de autor, distribuição (física e digital), management e agenciamento, a contabilidade e a parte legal [parte desses elementos ainda não funcionam]”, disse Chibanga que é ainda membro fundador da Plataforma das artes, cultura e turismo em Moçambique (OTHAMA) e da Associação de Empresários promotores de eventos (ADEPEE).

A responder directamente a pergunta mote da conversa – “Como ganhar dinheiro através da música no mercado digital?” -, apontou o Toques de Chamada (Vibratoques, Toque nice, Meu beat) toques de chamada, streaming e download.

Paulo Chibanga, de forma resumida, explicou a diferença entre o download normal e o streaming. O primeiro, tem um preço fixo, por exemplo, 99 dolares, ou um álbum 9 dólares.

No streaming, prosseguiu, o cálculo é muito complexo e complicado, pois envolve o custo geral de vendas dividido pelo que aquele artista vai receber. Só depois disso, no final do mês é que se entrega aos artistas.

 “Há distribuidores que cobram 100 por cento, há quem cobra uma percentagem e há os que tem fixo das vendas, varia”, explicou.

No que diz respeito aos desafios que o país enfrenta neste sector, Chibanga defende que as redes de telefonia móvel deveriam apoiar este negócio, pois ganha o músico – em última instância -,  a companhia e os consumidores.

“É preciso convencer as pessoas que devem comprar as músicas, nós sabemos que consomem grátis no Whatsapp”, disse, sugerindo que “se, por exemplo, uma das operadoras possibilitasse seis meses com dados grátis para a Mozik Play, o streaming pegava”.  

Com efeito, Chibanga referia-se ao facto de que, sendo as redes móveis os maiores servidores de internet no mercado nacional, a longo prazo, essa abertura iria benefeciar-lhe na venda de dados.

Sozinhos, prosseguiu, será mais difícil de vencer essa luta que os especialistas garantem que a explosão em África é uma questã de tempo.

Moçambique Digital ou simplesmente Modigi é uma empresa moçambicana de distribuição de conteúdos digitais parte da Khuzula. Modigi representa a principal empresa de distribuição conteúdos digitais, a The Orchard, empresa americana de música e entretenimento subsidiária integral da Sony Music Entertainment. A Modigi é especializada em licenciamento, distribuição, marketing e vendas de Música e vídeos colaborando com artistas independentes, Grupos e Labels para  possibilitar a expansão da música moçambicana ao público internacional e criar novas formas de rendimentos artísticos.

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É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

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