Circle Langa analisa obra de Isabel Novella enquanto artista na diáspora

Compreender o lugar da Memória cultural na produção musical de Isabel Novella, compositora e intérprete moçambicana residente em Portugal, é a proposta que Sérgio Jeremias Langa (Circle Langa) leva para a Conferência Internacional “Artes, Culturas e Média: Comunicação intercultural e paisagens tecnológicas no espaço de língua portuguesa”, a decorrer hoje na Universidade do Aveiro, em Aveiro, Portugal.

Este encontro de académicos está associado ao I Congresso da Rede Nacional de Estudos Culturais (RNEC) da mesma instituição, que irá decorrer amanhã e na sexta-feira. Circle Langa, que é comincólogo, designer e pesquisador, convidado pela Comissão científica do evento, participa na qualidade de docente da Escola Superior de Jornalismo.
“A (im)possibilidade da memória cultural identitária na diáspora: uma reflexão a partir da narrativa sonora de Isabel Novella e o questionamento sobre a “moçambicanidade”” é o título do artigo que irá apresentar.

O pano de fundo da sua pesquisa, é “compreender o lugar da Memória cultural na produção musical de uma artista moçambicana que se encontra a residir na Diáspora”, como se lê no resumo do artigo.

Metodologicamente, de acordo com a fonte que estamos a citar, socorre-se da Dialética, com recurso à hermenêutica, que a toma por bússola que permitiu percorrer o caminho que levou às respostas de três questões de partida.
A opção do pesquisador levou-o a “depreender que, embora o africano na diáspora esteja mais exposto à alienação, a diáspora por si só não impõe a “ditadura estética” – deixa esse exercício a cargo do artista”.

Com efeito, a reflexão de Circle Langa parte da percepção de que a proposta da globalização, enquanto um projecto à humanidade, vende uma utopia que sugere a ideia de que todos os povos e quadrantes são “iguais” perante as leis que regem o funcionamento de tal globalização.

Sucede, porém, na visão do pesquisador, que no contexto cultural, apenas as hegemonias são imponentes neste espaço que se queira global.

“Somente as hegemonias culturais podem constituir-se potenciais actores no processo de aculturação, na medida em que têm a prerrogativa de impor um formato de vida às classes com menor poder dominante”, lê-se no resumo do artigo.

Nesta lógica, prossegue, identificou o africano na Diáspora enquanto um potencial “recipiente” de acomodação axiológica alheia, tendo a arte por si produzido como a evidência dessa absorção de valores diaspóricos, na medida em que migra à nova absorção ideológica que resvala à possível “ditadura estética ocidental”.

Isabel Novella nasceu em Maputo, Moçambique, e cresceu em palcos de música ao redor do mundo. Actualmente, reside em Portugal. Ela tem atuado, desde 2005, em conjunto com Neco Novellas (sua banda família) em mais de 50 festivais na Europa, incluindo, Dunya, Oreol, Roots, Mundial, e North Sea Jazz Festival (todos na Holanda), além de outros festivais de world music e jazz na França, Berlim, Bulgária, Bélgica, Luxemburgo.

Isabel Novella escreve suas músicas em português, inglês, chope e changana. Em 2012 estreou-se a solo com o projecto “Isabel Novella” e em 2019, apresentou o seu segundo álbum, “Metamorfose”. No intervalo desse tempo fez colaborações com vários músicos moçambicanos, entre os quais Moreira Chonguiça, Selma Uamusse e Albino Mbié.

Este evento pretende reunir investigadores do projeto todos os interessados em debater as várias formas de interconexão tecnológica nas artes, culturas e média, interrogando a sua produção, no processo de conversão para o digital, assim como os públicos e a sua interação com as obras produzidas.

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