Texto e fotos: Eta Matsinhe
A manhã fresca, mas ensolarada do último sábado (4 de Novembro), foi colorida pelos tons do arco-íris e agraciada pelos sorrisos dos meninos que se foram sentar a esteira da Fundação Fernando Leite Couto, em Maputo, para viajar no mundo encantado da Melissa.
Melissa — personagem encarnada pela actriz Malua Saveca — é uma menina estudiosa e nos tempos livres gosta de brincar a matacosana e a neca. Vive com os pais, na distante aldeia de Lopeque. A aventura da menina inicia quando o povoado é inundado por fortes chuvas — jamais vistas em Lopeque —; e para salvar a terra natal recebe a missão de viajar pelas cores do arco-íris e desvendar um grande segredo.
Durante 45 minutos, a pequenada, na boleia da Melissa, deambulou pelo verde, amarelo, azul, Índigo, violeta, vermelho e laranja; aprendeu a origem das cores do arco-íris, as boas maneiras e o respeito pela natureza; brincou; deu boas gargalhadas; e o mais importante ajudou a protagonista a salvar o seu povo, desvendando com ela o grande mistério das cores.
A peça teatral, “Melissa e o Arco-íris”, é inspirada no livro infantil da escritora e Rapper, Ivânia Mudanisse — também conhecida como Dama do Bling—, lançada em 2011. E conta com a direcção de Gigliola Zacara.
Segundo Gigliola, a exibição faz parte das actividades desenvolvidas pela “Oficina de teatro e contos infantis” — uma iniciativa que tem o objectivo de estimular a leitura e a escrita, nos mais novos, através do teatro.
“Nós transformamos contos infantis, de escritores moçambicanos, em peças. Exemplo disso são as obras: “O Rei Mocho”, de Ungulane Ba Ka Khosa, e “O Gato e o Escuro”, de Mia Couto, que já foram encenadas para centenas de crianças”, explicou.
Apesar do sucesso das apresentações, a directora revelou existir um público que ainda não se beneficia do projecto.
“A maior parte das crianças que vem as nossas apresentações, nos centros culturais, já tem acesso ao livro e as artes. Agora, as crianças das comunidades e das escolas públicas não têm o mesmo privilegio”, lamentou.
E, para fazer chegar o teatro e a literatura as escolas dos bairros carenciados e dos distritos, Zacara disse estar a trabalhar na busca de parceiros para apoiar o Centro. “Já temos um parceiro identificado e agora estamos à procura de outros para levar isto para longe”. Finalizou.
Para além de dirigir a peça, Gigliola Zacara cuidou da cenografia e do figurino. A encenação esteve na responsabilidade de Fernando Macamo. A interpretação e co-criação ficou a cargo dos actores: António Sitoi, Buanamade Amade, Eduardo Tembe, Fernando Macamo, Maria Clotilde, Malua Saveca, Célia Madime.
Eta MatsinheEncontrei nas letras a possibilidade de gritar sem ferir os ouvidos do mundo e sem danificar as minhas cordas vocais. Sou formada em Marketing e Publicidade e tenho uma especialização em jornalismo multimídia. Actualmente, atuo como jornalista freelancer, assessora de imprensa e gestora de comunicação. |