A força suprema dos sonhos

Por Hélio Nguane

No meu bairro. O sonho dos meus vizinhos e /ou amigos era “furar”, “violar” as fronteiras que dividem Moçambique e África do sul e alcançar a prosperidade. Mas que ter carros de luxo, aparelhagem moderna, roupas de marca, o reconhecimento era tudo. Na minha infância, os meus próximos alimentavam o desejo de estar naquele país estrangeiro.

A sua fome em ouvir o reconhecimento no bairro aumentava, na mesma intensidade do som da aparelhagem dos recém-chegados da África do sul.

Na terra de Mandela… Eu ainda não pisei a terra prometida, apenas escuto relatos, românticos na sua maioria. Ouço comparações, que sempre colocam o nosso país a quilômetros do desenvolvimento do país vizinho.

A John é a cena, não há problemas lá brada”. Com as promessas, muitos atravessam a fronteira, alguns se dão bem e relatam a sua história em Moçambique e inspirar mais pessoas. Outros se dão mal, mas contam, como suas, estórias de vitória, que nunca avançaram além-fronteiras.

Falando em fronteiras, países estrangeiros, vamos a Portugal, onde boa parte de sua população alcança o êxito no estrangeiro. O país é pequeno em termos territoriais e em oportunidades. Neste pedaço da Europa, nasceram navegadores, que desafiaram os mares para descobrir terras já descobertas. Mas a conversa aqui não é história e/ ou ficção.

Voltemos ao ponto, os sonhos.

Apesar de ser uma estação de saída, muitos imigrantes encontram em Portugal um local para construir sonhos. Vindos da ÁFRICA LUSOFONA, embalados de sonhos, esperam alcançar a terra prometida. Uns conseguem, outros morre tentando.

Feliz ou infelizmente, os que alcançam a glória são os meios de comunicação social exibem. São os que inspiram mais sonhadores, idealistas, ambiciosos e famintos em alcançar a prosperidade.

Uns alcança exercendo profissões várias e outros através das artes. Pelos vistos, não existe uma fórmula para o sucesso.

A música. Muitas vezes é um trampolim, um elevador que leva muitos ao topo dos seus anseios.

O agrupamento Força Suprema conseguiu, num ritmo, relativamente, pouco popular nas terras lusas.

Muitos questionam o seu sucesso, comparam as suas músicas. Revistam o conteúdo de suas letras. Dizem que são fúteis. Outros que são animados, irreverentes e rebeldes, alguns referem que trazem uma mensagem de vida, sem maquilhagens.

Nem quero entrar nesta discussão, mas a questão é que eles lotam salas de espectáculos. Movem massas, tem uma legião de fans, adolescentes e jovens na sua maioria.

Em Moçambique, por exemplo, é normal passar pelo mercado Estrela, pela Avenida Marginal e até em pequenos convívios nos restaurantes e hotéis da zona nobre da cidade de Maputo e escutar a música deles. Porquê pessoas de classes tão diferentes escudam esses senhores?

A resposta: sonhos. Como os nossos irmãos que furam a fronteira para estar nas terras de Mandela, alcançam o sucesso e depois narram a sua prosperidade para os familiares, amigos, o agrupamento Força Suprema conta as suas glórias em música.

Com instrumentais animadas, letras de fácil compreensão, conseguem embalar adolescentes e jovens.

Carros de luxo, mulheres, champanhe, amizade, luta e superação são alguns dos temas que abordam em suas letras. São palavras que conseguem inspirar miúdos descalços e rapazes no volante.

Até quando isso vai durar? Só o tempo é que pode responder.

gggHélio Nguane

Acredita em seus sonhos e transforma-os em verdade. Com amigos fundou o Mbenga e escreve o seu destino. Colaborou com periódicos dos PALOP’s, trabalhou em Relações Públicas (assessoria) e Publicidade e Marketing. É repórter do Notícias. Este é só o principio da revolução.

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