Por: Pedro Pereira Lopes
Numa ilha do Índico, as mulheres conduziam a sociedade. O Estado tinha quase duas centenas de anos de esplendor. Aos homens eram-lhes reservadas as funções de reprodução e o labor braçal. Viviam à margem, fora das cidades, nos subúrbios que lhes eram traçados sob medida. Para manter tal poder secular, o Estado circuncidava os meninos logo depois do primeiro berro, cortando-lhes a língua. Sem o poder da fala, não lhes sobrava poder.
Mas havia uma profecia
um dia, um homem escaparia do sistema, manteria a sua língua e, quando crescido
iniciaria uma revolução.