O Museu Mafalala reinaugura amanhã, pelas 14.00 horas, o Mural dos Poetas, no Bairro histórico da Mafalala, no âmbito do Centenário do maior poeta moçambicano José Craveirinha (1922 – 2022), que este ano se celebra.
No mural, Shot B, como assina o artista moçambicano Bruno João Mateus, recorre a signos e referências regulares na poesia de José Craveirinha para compor imagens de estimulo a reflexão, mas sobretudo com uma perspectiva de emancipação do Homem.
Inicialmente produzida em Fevereiro de 2016, conforme a nota de imprensa, fruto de um exercício de envolvimento comunitário, construção de símbolos e referências locais busca enaltecer os feitos de grandes nomes da literatura moçambicana, nomeadamente: José Craveirinha, Noémia de Sousa, Rui de Noronha e João Albasini.
Outrossim, é o propósito de celebrar o legado destas personalidades a partir da relação com o Bairro, que em vida dedicaram parte relevante da sua obra, nalguns casos não de forma objectiva, mas enquanto substracto do seu labor artístico.
“Este mural integra-se no programa de galeria a céu aberto do Museu Mafalala que para além da estética e do elemento pictórico busca por via da arte manter viva a memória deste espaço”, lê-se na nota que recebemos do Museu Mafalala.
Simultaneamente, prossegue o documento que estamos a citar, testa e implementa de forma progressiva práticas para a qualificação de áreas urbanas autoproduzidas, através da melhoria de espaços colectivos, procurando responder as necessidades do quotidiano com um urbanismo de proximidade.
Este projecto contou com a participação do estúdio de arquitectura HUEIV e colaboração de estudantes da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Fisico da Universidade Eduardo Mondlane (FAPF-UEM) .
Importa referir que o mural em causa faz parte de um conjunto de intervenções em espaço público com a curadoria do Museu Mafalala que contempla as seguintes obras: Mural Diversidade cultural | Tufo da Mafalala, 2016, de Francisco Vilanculos; Mural Xipixi xa Ntima, 2019, de Marcelino Manhula; e Mural dos Heróis do Desporto, 2020, de Chaná de Sá.
José João Craveirinha (1922 — 2003) é considerado o poeta maior de Moçambique. Em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.
Como jornalista, colaborou nos periódicos moçambicanos O Brado Africano, Notícias, Tribuna, Notícias da Tarde, Voz de Moçambique, Notícias da Beira, Diário de Moçambique e Voz Africana. Fez campanha contra o racismo no Notícias, onde trabalhava, tendo sido o primeiro jornalista oficialmente sindicalizado.
Utilizou os seguintes pseudónimos: Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno Cravo e Abílio Cossa. Foi presidente da Associação Africana na década de 1950.
Esteve preso entre 1965 e 1969 por fazer parte de uma célula da 4.ª Região Político-Militar da Frelimo.
Foi o primeiro presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos, entre 1982 e 1987. Em sua homenagem, a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), em parceria com a HCB (Hidroeléctrica de Cahora Bassa), instituiu em 2003, o Prémio José Craveirinha de Literatura.
Museu Mafalala É um museu de base comunitária e que obedece aos fundamentos da museologia social. O Museu apresenta como fundamento do seu discurso curatorial a Mafalala e lança um olhar para a cidade de Maputo através da periferia.
O Museu Mafalala resulta dum processo comunitário orgânico e participativo liderado pela Associação IVERCA | Turismo, Cultura e Meio ambiente (www.iverca.org) através do seu programa de promoção e exploração do património cultural do bairro histórico da Mafalala, em Maputo – Moçambique.
Por outro lado, o Museu Mafalala apresenta-se como uma infra-estrutura ecléctica, auto-sustentável e preocupada com a expansão urbana e processos de gentrificação que ocorrem na periferia de Maputo.