“No verso da cicatriz” e “Pétalas negras”vencem o Prémio Literário Mia Couto

Bento Baloi e Belmiro Mouzinho entram na história da literatura como os vencedores da primeira edição do Prémio Literário Mia Couto. São 400 mil Meticais para cada escritor, o primeiro pelo romance “No verso da cicatriz” e o segundo pelo livro de poemas “Pétalas negras ou a sombra do inanimado”.
O anúncio, que teve lugar na Casa do Artista, cidade da Beira, contou apenas com a presença de Belmiro Mouzinho. Por motivos profissionais, Bento Baloi não pôde viajar de Tete, onde vive e trabalha, para Beira, local onde a Associação Kulemaba e a Cornelder de Moçambique organizaram a iniciativa que pretende estimular a produção literária.
Apreensivo pelo anúncio dos resultados, Bento Balói decidiu se desligar do mundo e saiu para jogar voleibol com amigos, na Escola Secundária de Tete. Depois de umas horas de entrega ao desporto, sim, chegou a casa, pegou no telemóvel e reparou que tinha perdido muitas chamadas. Também reparou que tinha muitas mensagens por ler. Abriu a primeira e ficou a saber que era o grande vencedor do género romance, na primeira edição do Prémio Literário Mia Couto.
Entre o momento que leu a mensagem e a expectativa entre o que se iria seguir, Bento Baloi pensou em todos aqueles que, com edição, conversas, conselhos e ideias, contribuiram para que o seu No verso da cicatriz se tornasse uma boa ficção. “A todos os que contribuiram para que o livro fosse possível, eu agradeço com muito apreço”.
Segundo confessou, sente-se satisfeito por ter conquistado um prémio prestigiante. “Este é o meu terceiro livro e, pela primeira vez, ganho um prémio literário. Nós, como autores, nunca pensamos nos prémios, mas, claramente, este reconhecimento nos dá força para continuarmos a trabalhar mais”.
“No verso da cicatriz” é um romance que desafia não só as crenças e o horizonte de expectativas do leitor, mas a sua sensibilidade e a sua estabilidade emocional. O efeito catártico da narração se impõe de forma inapelável, convocando a dor, o sofrimento, o drama humano, a desilusão e a degeneração dos valores sociais”, escreve o júri.
Ao contrário de Bento Baloi, Belmiro Mouzinho conseguiu viajar de Nacala, onde vive, até à Cidade da Beira para participar da cerimónia.
Pétalas negras ou a sombra do inanimado é o seu primeiro livro. Escreveu em 2021, em menos de 12 meses. Também por isso, Belmiro Mouzinho sente-se privilegiado por conquistar um prémio na sua estreia em livro. “Claro que isto traz uma grande motivação, já que comecei a escrever há muito tempo. Sinto-me feliz por ter sido abençoado por esta oportunidade”.
“Pétalas negras ou a sombra do inanimado” é um livro de poesia que reflecte o encanto que a arte do verso exerce na vida do poeta, pois, para si, tudo o que as pessoas vêem e tocam, tem poesia. Belmiro Mouzinho assume-se como um poeta rebelde e inconformado. Em parte, isso corresponde à sua maneira de ver as coisas à sua volta”, diz o júri.

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