Helio Beatz: Está bater ter identidade

Fazer um update através da incorporação de novas sonoridades a explorar, por exemplo, instrumentos pouco habituais no género, é a ambição de Hélio Beatz. A sua pretensão explica, em parte, o seu segundo álbum,  “Pandza do futuro” Volume II, lançado na noite de quarta-feira, no X-hub, em Maputo.

Seguindo o mesmo propósito que o seu trabalho de estreia, do qual despoletou o hit, entre outros, “Flow da town”, mas mais musical, o produtor, músico e DJ assume que pretende “vestir” uma nova roupagem ao género. 

“A ideia é incorporar novos sons, a respeitar as raízes”, disse-nos Helio Beatz, na sessão de escuta com jornalistas, antes da apresentação pública do álbum.

De propósito pretende respeitar uma espécie de “sotaque” musical moçambicano por ter percebido nas actuações fora do país que há que “apertar nas nossas características porque ter identidade está bater, lá fora”.

Este registo, explicou, é nutrido pela preocupação de “não deixar morrer” este género urbano que surgiu e ascendeu na primeira década deste século em Maputo, misturando, essencialmente, a marrabenta, rap e reggaeton.

Ostracizado e combatido por rappers e pela opinião pública, o Pandza foi se mantendo pela resistência de nomes proeminentes como Dj Ardiles, Mr. Kuker, Cizer Boss, que contra a corrente seguiram lançando. Os últimos dois colaboram neste álbum.

Beatz produz em contraposição a géneros como o sul-africano amapiano, por exemplo, que tomou as pistas de dança dos clubs às festas familiares. Não obstante, busca neles elementos para a sua música, como o faz de R&B, samba/bossa nova, kizomba, entre outros.

Há, neste álbum, que conta com colaborações de, entre outros, Melony, Tamires Moiane, Clayton David, Cinthya e Djimetta, samples de bandolim, incorporação de saxofone, arranjos de guitarra de Badjo, entre outras actualizações. 

Na sessão de escuta, Hélio disse interpretar o desaparecimento do género do nosso mainstream porque “há poucos fazedores”. Para si, é o “que justifica não (estar a) bater”.

Essa percepção justifica ter ido buscar “peixes” de outras águas. Mark Exodus é do R&B, o Hernâni circula entre o anterior e rap, Esau Jr. aka Black Carter é um saxofonista que vem da escola de jazz com passagem pelo More Jazz do Moreira Chonguiça.

“Pandza do futuro”, que integra ainda elementos de afro beat, cujas referências que o Hélio Beatz assume são Wiz Kid e outros da mesma linha, conta com colaboração de Ziqo, um dos fundadores do pandza, autor de vários títulos que fazem o género.

As músicas retratam as vivências do quotidiano da juventude urbana de Maputo e do país, de modo geral. Estão no álbum assuntos de conversas e debates no X, Facebook e WhatsApp. 

São disso exemplos “Primos de Bilene” – este com toques de samba -, “Dizem que eu gingo” – os papos de dripp, swag -, “Se eu tivesse 10 paus” – a dificuldade de ter dinheiro e as futilidades que absorvem o dinheiro da juventude. “Gostaria de criar ficção para internacionalização”, confessou Hélio Beatz.

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