Doclisboa anuncia os primeiros filmes confirmados para a edição deste ano

O Festival português de cinema Doclisboa, que irá decorrer de 19 a 29 de Outubro, a contar já a sua vigésima primeira edição, anuncia os primeiros títulos confirmados para este ano.

Serão, conforme o comunicado recebido pela “Mbenga”, cinco filmes da secção “Heart Beat” e cinco filmes da secção “Da Terra à Lua” desenham uma paisagem ímpar, rítmica, variada; da dança à literatura, à música e aos prazeres do palato – e dos palcos à selva verde e profunda.

Os nomes que ora se divulgam, de acordo com a mesma fonte, incluem Luís Ospina, realizador marcante do festival, que, em 2018, lhe dedicou uma retrospectiva – e em 2019 uma homenagem.

“Ospina Cali Colombia”, na descrição da produção do Doclisboa, Jorge de Carvalho, foca-se num encontro com o realizador em Lisboa e acompanha-o enquanto fala da sua vida e do seu trabalho prolífico.

O filme passará na secção “Heart Beat” do festival – e tem o seu contraponto perfeito no filme póstumo de Ospina, Silent Witnesses (Jeronimo Atehortua Arteaga, Luís Ospina), colagem cinematográfica que (também) conta uma história, do cinema mudo colombiano na primeira metade do Século XX a partir de todo o material sobrevivente da época.

“Da Terra à Lua” apresenta a visão íntima da realizadora Sara Dolotadabi sobre o seu pai, o escritor iraniano Mahmoud Dowlatabadi – autor da mais longa narrativa escrita em língua persa – duplamente abençoado e amaldiçoado pelo percurso da escrita e da história do seu país, em “An Owl, A Garden & The Writer”.

“A Câmara” – de Cristiane Bernardes e Tiago Aragão – em estreia mundial no Doclisboa, acompanha mulheres eleitas de diferentes espectros políticos, que exercem o seu cargo na Câmara dos Deputados durante o último ano do governo de Jair Bolsonaro, no Brasil.

“L’amitié”, de Alain Cavalier, cineasta fundamental, filma, com uma nostalgia sem laivos de sentimentalidade, os laços indeléveis que o ligam àqueles que sabem consigo partilhar o espaço, quer seja à frente ou atrás das câmaras.

À selecção de filmes confirmados desta secção do festival, junta-se ainda o último de Frederick Wiseman: Menus Plaisirs – Les Troigros, uma longa degustação da atmosfera e dos prazeres do Troigros a partir de várias perspectivas no momento crucial da passagem do afamado restaurante à mais nova geração da família, que o mantém há já quatro gerações.

“Heart Beat”, a secção que simboliza o coração pulsante do Doclisboa, traz-nos este ano – além do já referido Ospina Cali Colombia, de Jorge de Carvalho – Joan Baez I Am Noise (de Karen O’Connor, Maeve O’Boyle e Miri Navaski), retrato pessoal da alma da lenda da folk e activista Joan Baez: experiência imersiva, que segue a cantora na sua última tour e que recupera do seu extenso arquivo documentos preciosos.

Joan Baez é uma figura irrepetível e singular – não menos no modo como escolhe contar, pela primeira vez, a verdade rematada acerca da sua vida, da luta pelos direitos civis, ao romance com um jovem Bob Dylan. “Nôs Dança”, de Rui Lopes da Silva, é uma viagem com o bailarino e coreógrafo António Tavares às ilhas de Cabo Verde, à medida que descobre – pela mão de outros bailarinos e de pessoas que guardam histórias e saberes – as danças espalhadas pelo arquipélago, dos ritmos tradicionais aos estilos contemporâneos.

Asif Kapadia, num filme que é uma união bela das linguagens da dança e do cinema, re-interpreta uma coreografia de Akram Khan: Creature é o desenrolar de uma conversa fascinante entre dois géneros e entre dois criadores; além disso é também uma reflexão poderosa sobre o autoritarismo, a crise climática, o amor e a perda.

Por fim, destaque para “Nam June Paik: Moon is the Oldest TV”, de Amanda Kim, que conta a história de como o mais célebre artista coreano e pioneiro da videoarte, se tornou famoso em Nova Iorque, e de como previu o futuro – em que “cada um terá o seu próprio canal de TV”. A rota de como aqui chegámos, do visionário Paik, que descreve um futuro que é, hoje, o nosso presente.

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