A prostituta no manicómio divide opiniões

Há dias, homens e mulheres, julgados maiores de 18 anos, fizeram-se presentes na Fundação Fernando Leite Couto para assistir à peça teatral “O monólogo da prostituta no manicómio”.

O chamativo e provocativo título, escrito por Dario Luigi e Franca Rame convidou diversas personalidades ligadas ao teatro de tal forma que, as cadeiras não foram suficientes para acolherem a todos, pelo que, alguns se mantiveram em pé.

No palco, a actriz, Yolanda Fumo, no seu monólogo, mostrou-se destemida, profissional e cheia de vida para dar voz a milhares de mulheres que sofrem e/ou sofreram da tão falada violência baseada no género.

Em acção, a personagem, que se considera uma morta-viva pelas tantas lembranças das violações que lhe correram durante a vida toda, encontra forças para reagir contra o seu agressor.

A história contada em um monólogo ocorreu em uma sala, num manicómio, onde a “prostituta” faz confissões à doutora e se chega à conclusão de que ela sofreu violência baseada no género a vida toda. O público receptivo chiava, aplaudia baixinho, ria e lamentava a natureza da história que era ali contada.

Quando o relógio apitou para o fim do monólogo, o público, afim, aplaudiu, assobiou e se levantou para bendizer aquela peça teatral. As reacções iniciaram, começando pelo elogio da apresentação, uma vez que se trata de com um tema de grande impacto social. O pano de fundo, que guiou a noite de quinta-feira, esteve virada a uma pequena análise de como as relações familiares e sociais podem definir um ser humano, principalmente as mulheres.

Para a directora da peça, Isabel Jorge, “O monólogo da prostituta no manicómio” deve servir de reflecção para cada uma das mulheres, para que cada uma saiba qual é o seu lugar e que se veja lá, outrossim, a peça deve ser vista por todo o tipo de mulheres. Por isso, nos próximos dias, “O monólogo da prostituta no manicómio” será apresentado às trabalhadoras do sexo, para que “Chegue em outros quadrantes”. Disse ela.

As mulheres que ousaram falar, ao longo do debate, agradecerem pela impactante mensagem que a peça transmitiu e disseram se sentir representadas pelas tantas violações que sofrem no seio familiar, na sociedade, academia, sector de trabalho e mais, até que os homens começaram a reagir. E, por sua vez, eles pediram para que fossem mais incluídos nos assuntos sociais, pois também sofrem muitos abusos e porque aprenderam a “sofrer calados”, talvez a sociedade não os veja.

“O monólogo da prostituta no manicómio” levantou questões que cada um, de per si, pode responder: afinal de contas, qual é o papel que cada cidadão tem na sociedade e como se pode fazer a diferença rumo à harmonia?

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