Tsumbe Mussundza debate legado cultural africano

Hoje e na quinta-feira,  o bailarino Tsumbe Mussundza, estará a orientar o debate “Voltas no Cruzamento”, no Centro Cultural Português da Beira e no Ginásio da Universidade Licungo, na Ponta Gêa.

A proposta do também bailarino radicado no Brasil, há mais de 10 anos, é um convite ao debate sobre a preservação dos ritos e das culturas de Moçambique. “Voltas no Cruzamento” tem como objetivo reunir artistas, médicos tradicionais (Ametramo), cientistas sociais, professores, líderes comunitários e pastores numa grande Roda de Claridade.

No encontro, Tsumbe irá guiar a audiência a exploração do contexto do Mastumbe, onde os quatro círculos conectores e os dois caminhos que se cruzam servirão como eixos de orientação para os participantes se situarem.

A Roda será aberta para possibilitar um diálogo focado nos problemas enfrentados por Moçambique, especialmente o distanciamento dos jovens em relação às suas raízes, o abandono das ancestralidades e o sentimento de vergonha em relação aos nomes locais.

“Aproveitaremos a oportunidade para questionar as barreiras impostas pela suposta superioridade das religiões e seus mitos que diabolizam as práticas ancestrais”, promete, por considerar “importante aprofundar, juntamente com os anciãos, o cuidado em preservar a cultura do segredo dos saberes ritualísticos e medicinais”.

A sua abordagem vai no sentido de evitar o risco que se corre de acabarem perdidas as memórias sobre esse legado cultural que nos contextos contemporâneos e urbanos até tendem a ser combatidos, em parte como consequência dos preconceitos herdados do colonialismo.

O debate será apresentado por meio de materiais como fotos e vídeos, desenvolvidos no Brasil por Tsumbe, o artista-pesquisador no campo das ancestralidades, que procura compartilhar as suas práticas e conhecimentos importantes utilizados no sistema do curandeirismo, atualizados por ele nas suas experiências fora do país de origem.

O autor do livro “Gule Wankulu – ancestralidades e memórias”, que faz referência a uma dança e ritual tradicional do povo Chewa, em Moçambique, Malawi e Zâmbia na quinta-feira apresentará o projecto “A Sombra dos Ancestrais”, concebido com três artistas visuais num cenário de residência artística.

Além da apresentação de duas horas, descrita como “performance-ritual” em tempo real, o artista conduz, hoje, a iniciativa “Voltas no Cruzamento”, que se resume numa reflexão sobre a importância de se preservar a cultura moçambicana num contexto em que alguns jovens se distanciam das suas raízes e sentem vergonha dos nomes locais. 

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