O dramaturgo moçambicano radicado na França, Victor de Oliveira, volta a juntar actores moçambicanos para uma produção internacional. Desta vez é para a adaptação da trilogia de Mia Couto, as “Areas do imperador”, cujos espectáculos serão apresentados em Portugal e na França.
Depois de semanas a ensaiar e a montar a peça no Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo, a peça será estreada no dia 8 do próximo mês, no Teatro Aveirense, em Aveiro, Portugal e segue para o Porto nos dias 13 e 17 do mês em curso, na sala do Teatro São João.
Na sequência, esta peça será apresentada em Lyon, no Theatre des Celestin de 10 a 14 de Outubro. Mas ainda não tem, pelo menos ficialmente, uma data prevista para exibição em Moçambique.
A proposta de Victor é, em palco, transportar a plateia para o fim do século XIX, no meio de Moçambique devastado por guerras políticas. Germano, soldado português, e Imani, a intérprete moçambicana, apaixonam-se perdidamente.
Está-se, como se percebe, diante de uma história de amor impossível carregada por 15 intérpretes moçambicanos, portugueses e franceses que, através do destino desses dois seres, conduzem a uma revisitação da Hostória do país, na linha da decolonialidade.
Em, Victor de Oliveira já tinha trabalhado na temática da guerra dos 16 anos que devastou Moçambique, desconfigurando o seu tecido social, com o aclamado espectáculo Incêndios, que foi apresentado no “Franco” e em Portugal, foi classificado pelo “Expresso” como uma das melhores que foi vista naquele ano.
O encenador que, pela força do conflito, teve de abandonar o país, na peça acima referida interrogava os ecos da guerra civil que devastou o país durante 16 anos e, em Limbo (espetáculo criado em Lisboa em 2021 e que recebeu os Prêmios de Melhor espetáculo e Melhor texto 2022 da Sociedade Portuguesa de Autores), ele interessava-se às questões sobre os efeitos da colonização, da assimilação e da mestiçagem.
Desta vez, com efeito, a partir da trilogia, para a adaptação e encenação Victor de Oliveira “Areas do imperador”, contará com a interpretação Ana Magaia, Bruno Huca, Elliot Alex, Daniel Pinto, Eunice Mandlate, Horácio Guiamba, Isabelle Cagnat, Josefina Massango, Lucrécia Paco, Klemente Tsamba, Mário Santos, Miguel Moreira, Miguel Nunes, Sofaida Moyane e Victor de Oliveira.
Coube a Margaux Nessi fazer a cenografia, Diane Guerin a luz, Eve Liot o vídeo, Ailton Matavela (TRKZ) a música original. Conta ainda com pinturas e esculturas de Butcheca. Charlotte Farcet faz a colaboração dramatúrgica.
A vasta equipa desta super produção envolve igualmente o desenho de feito por Samuel Gutman com a direção de cena de Camille Faure. Sara Machado faz os figurinos e acessórios. A assistência aos figurinos é assinada por Natty Polak.
Venâncio Calisto faz a assistência de encenação e a produção executiva é feita por En Votre Compagnie, baseada em Paris.
“Areas do imperador” conta com a coprodução do Teatro Aveirense através da Câmara Municipal de Aveiro; Teatro Nacional Dona Maria II, Lisboa; Teatro Nacional São João, Porto; Centro Cultural Franco-Moçambicano, Maputo; Le Grand T – Théâtre de Loire-Atlantique, Nantes; MC93 – Maison de la Culture de Seine-Saint-Denis; Espace Malraux, Scène Nationale de Chambéry Savoie; Les Célestins – Théâtre de Lyon. Os apoios para esta produção vieram do Instituto Camões de Maputo; La Colline – Théâtre National, Paris; Ministère de la Culture – Direction régionale des affaires culturelles d’Île-de-France, Universidade de Aveiro.