“Amaré kat bras la rivièr” de Yasmine Attoumane no Franco

No âmbito do programa de residências cruzadas entre o Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) e a Cité des Arts, que anunciamos no ano passado, a artista plástica Yasmine Attoumane, da Ilha da Reunião, inaugura, na terça-feira, 1 de Agosto, às 18h, a mostra que intitulou “Amaré kat bra la rivièr”.

A decorrer na Sala de exposições do CCFM, a exposição irá mostrar os resultados da sua residência de pesquisa e criação.

A região de Maputo possui quatro rios, nomeadamente Umbeluzi, Infulene, Matola e Tembe. O encontro destas correntes forma o estuário do Espírito Santo, uma referência histórica à colonização do país.

E é, justamente, a partir dessas referências que Yasmine Attoumane iniciou a sua pesquisa
artística, utilizando-o como conceito e material para suas obras.

A espiritualidade e a religiosidade presentes em um território criolizado foram os pontos de partida para suas reflexões.

Com o título provisório “Amaré kat bra la rivièr”, a artista escolhe escrevê-lo em
crioulo da Ilha da Reunião, buscando ancorar-se em Maputo e estabelecer
uma conexão genuína com o local.

“Amaré” significa amarrar, reter, desejar e lançar um feitiço, enquanto “kat bra la Rivièr” refere-se aos quatro braços do Rio.

Esta escolha linguística enriquece o trabalho de Attoumane, que se aprofunda em uma série de performances anteriores, como “Costurar o Sena” e “Como fazer voar o Mosa?”, ambos do projecto “Ao Longo da Água”.

Durante cerca de vinte dias, a artista mergulhou no estuário, documentando o local com imagens, sons e vídeos.

Paralelamente, imergiu nos contos e lendas locais, cujas narrativas servirão como combustível para sua próxima fase de criação.

Esta etapa envolve a colaboração com um.a artista ou contadora de histórias preocupado com questões ligadas à ecologia e ao território.

Juntos escreverão seus próprios mitos plásticos e apresentarão performances que ressaltam e comparam suas indagações e experiências.

Para Yasmine Attoumane, o cerne deste projecto é a reavaliação da nossa relação com a água e a reflexão sobre o significado de viver em Maputo, e, por extensão, viver neste mundo.

“Amaré kat bra la rivièr”, convida-nos a uma
jornada artística e introspectiva, onde as histórias, os mitos e as vivências
ecoam em cada obra.

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