Será apresentado na sexta, ás 18.00 horas, o livro “Atravessar a Pele”, organizado por Mélio Tinga & David Bene, no Centro Cultural Moçambicano Alemão, integrado na Feira Internacional do Livro de Maputo, que arranca a 27 do mês em curso.
A obra reúne entrevistas de escritores, poetas, críticos literários, editores, agentes literários, pensadores e activistas aos seus pares de diferentes gerações, sendo que alguns deles estarão presentes no evento.
Explicando o livro na Nota de editor, se esclarece que neste conjunto, escritores mais novos receberam o convite para que escolhessem um escritor “mais velho” para conversar consigo, o que foi, a nosso ver, importante para a construção de um diálogo honesto íntimo.
Com efeito, tal facto é possível constatar em diferentes momentos quando: Hirondina Joshua e Léo Cote entrevistam Luís Carlos Patraquim, Venâncio Calisto entrevista Mbate Pedro, Léo Cote entrevista António Cabrita, Dionísio Bahule entrevista Paulina Chiziane, Fernando Absalão e Mélio Tinga entrevistam Suleiman Cassamo ou quando Álvaro Taruma entrevista Marcelo Panguana.
“No exercício da escrita, como escreveu Hemingway, somos eternos aprendizes. O convívio, mas também esta captura através das entrevistas que compõem este primeiro volume de Atravessar a pele, mostram como cada um continua à procura de si, continua com dúvidas, uma espécie de perseguição a uma perfeição inalcançável no percurso da escrita e da vida”, lê-se na nota que estamos a citar.
As entrevistas, prossegue o documento, caminham por esse trilho, surgiram dessa necessidade de descobrir como os entrevistados olham o mundo, o mistério por detrás do que escrevem, mas também sobre como pensam o projecto de escrita.
“Estas entrevistas são o cordão umbilical da OitentaNoventa, um projecto que promove o acesso ao pensamento do nosso tempo através da literatura, dos livros e dos seus actores, a partir um diálogo intergeracional, franco e altruísta”, lê-se ainda.
Os organizadores tem consciência que o volume regista um momento. Por essa razão investiram “em cada palavra aqui escrita”. Pelo que consideram que a grande importância desta publicação é derrubar a mania das amnésias, da memória curta e do esquecimento do pensamento.
A expectativa é valorizar a contribuição dos treze autores que dão corpo a este projecto, por entenderem que que “a pele é espessa, atravessá-la é um acto de ousadia, libertação, transpiração e de amor”.
Sobre os organizadores
MÉLIO TINGA é escritor de ficção. Autor de cinco livros, entre os quais Marizza, obra vencedora do Prémio Literário Imprensa-Nacional Casa da Moeda/ Eugénio Lisboa 2020 e a engenharia da morte, com edições em Moçambique, Portugal e Brasil.
Foi vencedor da Residência Literária em Lisboa 2023 e distinguido com o Prémio das Indústrias Culturais e Criativas (PREICC) 2023, pelo Ministério da Cultura e Turismo. Venceu o BLOG4DEV 2021 do Banco Mundial e foi finalista do Prémio Literário 10 de Novembro 2019.
É co-fundador de Catalogus e de OitentaNoventa – Projecto de ligação entre gerações literárias e é Vice-Presidente da ACUP – Associação Cultural da Universidade Pedagógica de Maputo. É licenciado em Educação Visual e pós-graduado em Branding.
DAVID BENE nasceu na Cidade de Manica, Moçambique, em 1993. Poeta e prosador, escreve para diversos jornais e revistas literárias em Moçambique, Brasil, Portugal, Galiza e Japão. O seu trabalho está traduzido para o japonês e neerlandês.
É autor de Objecto Oblíquo (em co-autoria com Mélio Tinga; OitentaNoventa, 2022) e O Vazio de Um Céu sem Hinos (Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2023). Foi galardoado com o Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura 2021.
David Bene é licenciado em Geologia pela Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), mestre em Geologia Económica pela Akita University (Japão) e doutorado em Engenharia de Recursos Minerais pela Kyushu University (Japão). Bene é co-fundador de OitentaNoventa.