Bird Box Barcelona” – Uma Abordagem Cultural e Espiritual Frustrantemente

“BIRD Box Barcelona”, o tão aguardado spin-off da Netflix, prometia uma nova perspectiva no universo sombrio estabelecido por seu antecessor, “Bird Box” (2018).

Situado na rica e religiosa Barcelona, o filme busca explorar questões culturais, entrelaçando-as com o catolicismo e as profundidades do plano espiritual. No entanto, apesar de suas intenções ambiciosas, a obra dirigida por David Pastor e Alex Pastor falha em entregar uma experiência coesa e emocionante.

A riqueza cultural da Espanha, notavelmente seu forte contexto religioso, é habilmente incorporada ao enredo. As questões do catolicismo e a presença dos anjos são elementos proeminentes, adicionando um toque intrigante ao cenário sombrio das criaturas que aterrorizam a humanidade.

Momentos cruciais do filme, como ter um padre com antagonista, exemplificam a maneira como a tradição e a espiritualidade moldam as ações dos personagens e influenciam suas escolhas, conferindo ao enredo uma dimensão mais profunda e reflexiva.

Sebastian, interpretado por Mário Casas , que desempenha o papel de protagonista, oferece uma perspectiva única, ampliando o espectro emocional da narrativa. Ao abordar como a visão das criaturas afeta as convicções das pessoas, o roteiro acerta ao fornecer explicações claras e concisas, uma falha que foi sentida no filme de 2018.
Essa visão diferenciada enriquece a trama, oferecendo uma abordagem inovadora sobre como o sobrenatural pode moldar as motivações e atitudes humanas.

Entretanto, apesar de seus pontos positivos, “Bird Box Barcelona” sofre com uma construção narrativa desalinhada, resultando em problemas de timing e fatos aleatórios. A apresentação do protagonista e da filha, bem como suas motivações, carece de desenvolvimento inicial.

O espectador é confrontado com personagens que não são devidamente contextualizados, o que pode gerar desconexão emocional e até mesmo aversão em relação a eles. O roteiro, embora procure explicar as motivações ao longo da trama, falha em criar uma conexão prévia entre o público e os personagens, prejudicando a empatia e o envolvimento com suas jornadas.

O aspecto técnico também se mostra problemático. O CGI mal-feito tira a credibilidade de cenas cruciais como, pós morte e a forma como supostamente as almas vão ao céu, chega até a ser cómico, comprometendo a atmosfera imersiva que o filme busca estabelecer.

A abordagem das questões espirituais e das almas é interessante, mas a execução falha dos efeitos especiais deixa a desejar. Momentos potencialmente impactantes são diminuídos pela fraca qualidade visual, frustrando a experiência do espectador.

Ao analisar “BIRD Box Barcelona,” um dos pontos mais decepcionantes é a notável falta de desenvolvimento dos personagens secundários, em comparação com o filme de 2018. Enquanto a história original conseguiu oferecer um olhar mais profundo sobre a trajetória emocional e os conflitos internos de diversos personagens, a continuação parece falhar em conferir a mesma atenção e profundidade a esses elementos.

Personagens que poderiam ter sido peças-chave na trama muitas como o padre Esteban, interpretado por Leonardo Sbaraglia, Claire, interpretada por Georgina Campbell, entre outros, as vezes permanecem como figuras periféricas, apresentando motivações e histórias de fundo rasas, o que resulta em uma desconexão significativa com o público.

Esse contraste torna ainda mais evidente a lacuna na qualidade do desenvolvimento dos personagens entre os dois filmes, deixando-nos com a sensação de que BIRD Box Barcelona não conseguiu honrar o legado deixado por sua predecessora em termos de complexidade e apego emocional aos personagens.

Em conclusão, “BIRD Box Barcelona” é uma tentativa ambiciosa de expandir o universo cativante de seu predecessor e adicionar nuances culturais e espirituais à trama. Embora suas intenções sejam louváveis, o filme falha em entregar uma narrativa coesa e envolvente, sofrendo com problemas de desenvolvimento de personagens e uma execução insatisfatória dos efeitos especiais.

No final, a nova visão proposta não atinge todo o seu potencial, deixando os espectadores desejando por uma experiência mais polida e memorável. Ainda assim, é preciso reconhecer a coragem do filme em tentar abordar questões culturais e espirituais de forma ousada, mesmo que os resultados não atinjam o patamar desejado.

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