Inicia hoje ciclo de cinema Mia Couto

Inicia hoje um Ciclo de Cinema dedicado a Mia Couto, que integra as mais importantes adaptações retiradas da sua obra e um  documentário sobre a sua figura no Centro Cultural Brasil-Moçambique/Instituto Guimarães Rosa em Maputo.

A decorrer até sexta-feira, a programação é composta pelos filmes “O Último Voo do Flamingo” (2010), realizado por João Ribeiro; “Não é Preciso Empurrar”, o mini seriado escrito por Mia Couto; “Mabata Bata” (2017), cuja realização é assinada por Sol de Carvalho e “O Desenhador de Palavras” (2006), documentário realizado por João Ribeiro e Hudson Vianna.

Esta actividade está enquadrada na celebração da vida e obra do escritor moçambicano Mia Couto e assinalando igualmente a sua homenagem na 9ª edição da Feira do Livro de Maputo, o Conselho Municipal de Maputo em parceria com o Cine Teatro Scala, o Centro Cultural Brasil-Moçambique/Instituto Guimarães Rosa.

Com mais de 20 títulos que publicou, Mia Couto é um “escritor da terra”, escreve e descreve as próprias raízes do mundo, explorando a própria natureza humana na sua relação umbilical com a terra.

“O diálogo entre literatura e cinema só é possível porque ambos lidam com as dimensões tempo e espaço”, descreve a produção em comunicado de imprensa recebido pelo “Mbenga”. E no mesmo documento lê-se ainda que se trata de disciplinas temporais que se caracterizam pela temporalização do espaço.

O que temporaliza o cinema, continua a justificação para a realização do ciclo, é o olho da câmara, que registra e capta o espaço em movimento. Nesse caso, fica a cargo do cineasta buscar ou não a fidelidade na hora de adaptar um livro.

Conforme a produção do ciclo, a adaptação cinematográfica promovida pelos realizadores deve ser encarada como uma interpretação e tradução do romance ou conto de Mia Couto, que carrega seus mecanismos particulares, como seus recursos estilísticos próprios.

A linguagem imprensa na literatura miacoutiana, no entender dos organizadores, é extremamente rica e muito fértil em neologismos, o que confere-lhe um atributo de singular percepção e interpretação da beleza interna das coisas.

“As imagens de Mia Couto evocam a intuição de mundos fantásticos e em certa medida um pouco surrealistas, subjacentes ao mundo em que se vive, que envolve de uma ambiência terna e pacífica de sonhos – o mundo vivo das histórias”, lê-se.

De qualquer forma, prossegue a descrição do trabalho do autor moçambicano mais premiado e traduzido, não adianta ir ao cinema esperando que o filme siga à risca a estrutura do livro. Entretanto deixam numa nota de esclarecimento: o filme nunca poderá ser o livro, uma vez que as essências e os formatos são distintos e exigem ângulos diferentes de análise e fruição.

“A obra fílmica não deve ser considerada uma mera cópia da literária, mas sim autônoma, independente, que mantém relação com a obra de partida, mas conserva características e motivações próprias”, argumenta a produção.

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