“As Ancas do Camarada Chefe” é um testemunho destes tempos

Revelam-se os contornos d’ “As Ancas do Camarada Chefe” com o lançamento decorrido no início da noite de hoje, no Camões Centro Cultural Português, em Maputo.

A capa deste livro de Sérgio Raimundo, que assina como Poeta Militar, esteve, nos últimos dias a circular nos medias acompanhado da legenda de denúncia de ameaças feitas na expectativa, supõe-se, de o impedir de fazer o lançamento.

O Engenheiro e escritor – que trabalha a memória-, Álvaro de Carmo Vaz, na apresentação da obra, questionou: ameaças à um escritor de noite e de madrugada por causa de um livro? “Já chegamos a isto?”.

Recuou na História para recordar que a detenção de escritores não seria um episódio inédito, Luís Bernardo Honwana, José Craveirinha, Virgílio de Lemos ou Rui Nogar já estiveram um longo período presos.

“Mas isto era no regime fascista-colonialista, Moçambique não pode, não deve se transformar no país do medo”, afirmou Álvaro de Carmo Vaz, numa cerimónia que encheu a biblioteca do “Camões” como poucos lançamentos recentes tiveram registo.

“As Ancas do Camarada Chefe” é uma colectânea de crónicas, entre inéditas e já publicadas em jornais e na sua página do Facebook, composto por histórias que são “o imprescindível testemunho destes nossos tempos”, como descreveu o autor d’ “Rapaz tranquilo” e “Aqui há opera?”.

Lançado em Portugal há dois meses, o livro reúne textos, prossegue, que oscilam entre o dramático, o trágico e o feliz que colocam no centro as pessoas e os seus dramas. Regista os dilemas de sobrevivência das mulheres na luta diária, a pedir a nossa atenção.

Em crónicas curtas, este livro de cerca 120 páginas e cerca de 50 textos, com a revisão da respeitada Fátima Mendonça e de um dos fotógrafos africanos mais relevantes do contemporâneo, Mário Macilau, continua uma tradição de autores como, José Craveirinha, Rui Knopfli, Luís Carlos Patraquim, Mia Couto, Nelson Saute, Pedro Chissano, Juma Ayuba.

Sérgio Simão Raimundo, 30 anos, foi o vencedor da 3.ª edição do Prémio Literário Imprensa Nacional-Casa da Moeda/Eugénio Lisboa, ao qual concorreram 12 textos, pelo inédito “A Ilha dos Mulatos”.

*Fotografia de Maria Margarida Chaves Marques no Facebook

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top