“Murmúrios do mar”: abre a temporada 2023 da Fundação Leite Couto

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LIZZIE ANA Maputo View, 2020

 “Murmúrios do mar”, exposição individual de pintura de Lizzie Ana, abre a temporada 2023 da Galeria da Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), no dia 01 de Fevereiro, às 18.00 horas. Esta exposição,sob curadoria de Yolanda Couto e montagem de Nunes Chichava estará patente até ao dia 03 de Março.

Esta é a segunda exposição individual de Lizzie Ana, artista autodidacta, na galeria da FFLC. A primeira foi “Reflexos”, em 2019 .

“Murmúrios do mar” apresenta uma continuidade temática que Lizzie Ana faz das lembranças, paisagens, gentes e costumes de Moçambique que simultaneamente nos deslumbram e inquietam, materializando uma ideia já consolidada, em função do projecto de pesquisa que a artista está a desenvolver, designado “Velas silenciosas”.

“Depois da minha exposição na Fundação 2019 viajei pela Europa por três meses numa digressão de Arte a título pessoal“, disse Lizzie Ana.

“Percebi”, prossegue, “e decidi trazer algo [diferente] para Moçambique”, dando início então a essa iniciativa que a levou, em 2019 e 2020, a observar e pintar a cultura patrimonial dos barcos de construçāo dhow.

O propósito, explica, é divulgar essa singularidade da costa moçambicana, exposta nas praias do norte a sul do país. Por questões várias, acabou por dedicar mais tempo à zona do sul nas entrevistas a pescadores e suas famílias.

No processo eles me contaram a história da pesca e da produção dos barcos, tive a oportunidade de ir pescar com os pescadores, animada que pude ter a oportunidade de vivenciar a vida de pescador”, conta Lizzie Ana.

O projeto teve o apoio da Universidade Eduardo Mondlane e foi apresentado no Museu das Pescas em 2020, onde estiveram alguns dos entrevistados. Em 2021, seguiu e expôs na Ponta de Ouro, na Galeria da Heike.

Com efeito, as obras que compõem “Murmúrios do mar”, são parte de “Velas silenciosas”, iniciativa que já tem as portas abertas para implementar na Alemanha com extensão para Israel.

Por outro lado, com o valor da venda da tela “Fim da Rosinha”, Lizzie Ana pretende apoiar ao Mário, pescador que conheceu nas entrevistas, a fazer uma réplica do seu antigo barco, que acabou em destroços, prejudicando muitas famílias.

“Rosa foi o primeiro barco que me inspirou a pintar reflexos das praias de Moçambique”, conta e lamenta que a esposa do pescador proprietário, que na altura a apoio, tenha perdido a vida, e que este gesto se reveste de um valor inestimável para a artista.

Sobre a artista 

Lizzie Ana é autodidata e escolheu viver de arte. O estilo do seu trabalho inclui paisagens urbanas, paisagens do mar, e retratos de pessoas, usando cores a óleo vibrantes, por vezes delicadamente pintadas com reflexos de água, por outras uma linha ousada numa imagem de construção contemporânea.

O estilo único e distinto de Lizzie Ana, onde o assunto se espelha reflectido, faz com que os nosso olhar se recalibre e a mente se concentre. 

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É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

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