Fragmento Poético: uma nova linguagem fotográfica

Uma nova linguagem fotográfica é explorada por Ildefonso Colaço na sua primeira exposição individual em Moçambique, intitulada “Fragmento Poético”, que resgata e reinterpreta o contexto histórico, regional, sociocultural e socioecómico das chapas de zinco. 

Patente na galeria do espaço cultural 16 Neto até o dia 14 de Fevereiro de 2023, a mostra é composta por 16 obras de fotografias. A ideia principal é explorar elementos que passam despercebidos aos olhos da sociedade e que são, por outro lado, pouco explorados por artistas moçambicanos.

A exposição é batipazada por “Fragmento” por albergar partes de chapas de zinco e é associada à “Poético” palavra que, igualmente, dá vida à exposição devido à textura do principal elemento explorado nas obras de fotografia.

 “Chapas são muito mais do que aquilo que se vê. Há casas de madeira e zinco que hoje são tidas como património cultural. Tendo esse pensamento, decidi pegar esse elemento para através da fotografia abordar esse assunto, ao invés de pegar todas as casas ou lugares com as chapas”, descreve Ildefonso Colaço. 

O fotógrafo moçambicano sublinha que as chapas de zinco, há bastante tempo, servem de alternativa para as pessoas fazerem as coisas, sobretudo no que concerne à vedação de seus terrenos, principalmente nos bairros suburbanos da cidade de Maputo.

Na exposição, para além das fotografias de chapas de zinco descritas minuciosamente, o fotógrafo associou as fotografias às chapas de zinco fragmentadas. “A ideia não era só tirar a fotografia. Primeiro tem a fotografia com a chapa como extensão e também serve como suporte, mas também tem a questão visual que eu acho que fica muito interessante, é por essa razão que trouxe a fotografia e o conceito explorado”.

Não é possível ver um título em sequer uma obra porque “se desse títulos estaria a limitar as obras para os títulos, então decidi deixar em aberto”, revela.

E nas fotografias expostas, os fragmentos de chapas de zinco não são apenas fragmentos, há cores e casamentos de cores, desde o azul e o dourado, o castanho, o vinho, o vermelho, mas sem nunca se distanciar do elemento explorado.

“Fragmento Poético” é a segunda exposição individual de Ildefonso Colaço e a primeira individual em Moçambique. 

“Sinto satisfação, primeiro por ter o meu trabalho patente numa casa de renome e também pela oportunidade que  tenho como fotógrafo e como pessoa, antes de fotógrafo, através da fotografia abordar assuntos que, para mim, fazem sentido mostrar”, afirma.

O fotógrafo expôs individualmente pela primeira vez, em 2020, no Japão, na exposição intitulada “Everythig is something else”, com o pretexto de mostrar as relações de causalidade entre os signos que a natureza oferece. Em Moçambique, Colaço colaborou em várias exposições colectivas com destaque para “Reimaginar Maputo”, que juntou seis jovens artistas, e “Corpo(r)Acção”, em que une suas fotografias aos xingufos (bolas de saco) do artista Amarildo Rungo. 

Em 2021, ficou em 3° lugar no concurso de fotografia “Kathla”, inserido na 2ª edição do Festival Gala-Gala. No Japão, em 2021, participa, igualmente, de duas colectivas, com Silasse Salomene, no Festival Internacional de Fotografia Kyotographie.

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