Moda, estilo, glamour no arranque do MFW

Maputo é, desde ontem, a capital da moda, com o início do Mozambique Fashion Week (MFW). A plataforma anual, que vai na sua 18ª edição, junta artistas e outros agentes da cadeia da indústria cultural para uma semana repleta de eventos de moda.

Dois corredores cortam o interior da tenda fixa na entrada do Hotel Montebello Indy. Ambos são caminhos que levam ao Centro de Congressos, onde acontece a maior passarela de moda do país, o MFW. 

Oferecem várias paragens durante o percurso. São túneis cheios de luz e cores dos artigos diversos (desde livros, perfumes, roupas e outros) à mostra na feira que também faz parte do programa de actividades da 18ª edição do MFW. Ao entrar para a tenda, tudo muda. Os convidados são engolidos por uma enorme bolha que oferece uma experiência única e cheia de possibilidades. 

O ambiente ganha uma outra vida e o ar passa a ter o tempero das fragrâncias expostas no espaço. É como se os visitantes estivessem no interior de uma enorme bolha, envolvidos numa experiência única e cheia de possibilidades.  

Também o andar é monitorado pelo chão de madeira, coberto por um tapete estendido em toda a sua extensão, a denunciar cada passo dado com um barulho movediço. São cerca de 20 stands, onde marcas, artistas e empresas mostram os seus produtos e serviços. 

Uma pequena porção de espaço separa a saída da tenda do Centro de Congressos. O tapete vermelho deitado revela a honra com que os convidados são recebidos e encaminhados ao grande salão, sempre acompanhados de sabores e texturas expostas ao longo dos derradeiros passos, antes de chegar ao auditório.

Uma passarela, vários mundos

“O Meu Mundo” é o lema da 18ª edição do MFW. Na noite de ontem, após a cerimónia de abertura, modelos tomaram a passarela e mostraram “os mundos” projectados, em roupas, pelos 30 estilistas que se apresentaram no primeiro do evento.

A estilista Jessy optou por mostrar roupas de formas e tecidos casuais, para homens e mulheres, misturando o glamour com elegância, energia e informalidade. Por sua vez, Elisa Nhantumbo focou-se em artigos formais. Projectou traços simples, a priorizar o rigor na escolha dos tons, e poucos adereços, criando roupas com menos detalhes e mais estilo.

A capulana trabalhada por Adylson Milione mostra que o tecido cabe em toda e qualquer ocasião. Como adereço, mas também como peça primordial. Ela está sempre lá, inclusive em modelos mais atrevidos. Já Kátia Cuinica traz o croché como técnica manual, que também pode criar peças vistosas. Roupas brancas, feitas à mão, de diferentes feitios e contornos, para um público específico, as mulheres.

Jay Davuka trabalhou a napa como quem quer descobrir o poder do tecido no dia-a-dia. Entre sugestões masculinas e femininas, onde procura mostrar o brilho do tecido inserido em diversos contextos do dia-a-dia. Os artigos, todos pretos, criam sensações e convidam à espaços e momentos onde a napa também se encaixa, além do estilo de Rock & Roll.

As mangas no modelo cigano e o “cai-cai” são aspectos inconformáveis nas peças de Naomi Saranga. A valorizar o andar altivo da mulher, produziu peças longas e curtas, baseadas na ousadia e irreverência que há no estilo feminino. 

Para Bllume, a fechar a primeira sessão de desfiles, o creme e o castanho (alaranjado) formam um casamento típico dos contos de fadas. É que a estilista fez das duas cores o centro de sua produção, mas também acompanha com tons de azul e branco.

Na abertura oficial do MFW 2022 também desfilaram peças de Denny Clothes, Momzayga, Zenilda Matosse, Ana Margarida e Carnen Bata, Santos Mulima, Xonguile, Neyla Francisco, entre outros.

Produzir roupas para conectar almas

Quando aprendeu a fazer croché, Kátia Cuinica sequer imaginava que esta técnica de costura manual já tinha raízes firmes no seio familiar.  Ao descobrir que sua falecida mãe tinha dedicado parte da juventude ao aprendizado e produção de peças de adorno com base no croché, a jovem estilista decidiu criar uma colecção nos mesmos moldes.

Montou um conjunto de artigos, maioritariamente de verão, a contrariar o hábito de usar o croché em roupas mais discretas. Também o fez em homenagem à progenitora, inspirada num conjunto de tecidos que encontrou 12 anos depois do seu desaparecimento físico e os levou à passarela da maior plataforma de moda do país, o Mozambique Fashion Week (MFW). 

 “Por acaso eu não sabia que ela (minha mãe) fazia croché. Contaram-me depois de eu ter começado a fazer, porque quiseram saber se aprendi com a minha mãe. Encontrei, em casa, peças feitas por ela, à croché, mas não eram roupas”, recorda a estilista.

Eram panos, todos brancos, descreve Kátia Cuinica, feitos para a decoração da casa e outros espaços compartilhados. “Então, escolhi essa para me reconectar à ela”. Na colecção, a estilista vive o verão através de modelos simples, feitos completamente à mão. Produziu saias, blusas e outros adereços para realçar a beleza e detalhes do corpo feminino.

A apresentação do conjunto de Kátia Cuinica enquadrou-se na primeira secção de desfiles da abertura oficial da 18 edição MFW. A cerimónia inaugural teve lugar ontem, no Hotel Montebelo, em Maputo, e contou com a presença de um público diverso, movido pela ideia de fazer da moda um estilo de vida.

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