JEREMIAS JEREMIAS E GUITA JR. LEVAM PRÉMIO DE POESIA REINALDO FERREIRA PARA INHAMBANE

O Comité Editorial da Gala-Gala Edições e a Comissão Organizadora do Prémio de Poesia Reinaldo Ferreira decidiu atribuir, ex aequo, o Prémio de Poesia Reinaldo Ferreira aos livros inéditos “Rosto desabitado [e] os fragmentos do escuro”, de Clara Semende Niquisse, pseudónimo de Jeremias Francisco Jeremias, e “CHÃOS e outras arritmias”, de Asdrúbal Felisperto, pseudónimo de Francisco Xavier Guita Júnior. O conjunto de textos “O Manual do silêncio e outros mysterios”, de Assane Anquabe Metuje, pseudónimo de Óscar Manuel Fanheiro, ficou com uma menção honrosa.

O júri do prémio foi constituído, numa primeira etapa, pela bibliotecária Aissa Mithá, pelos escritores moçambicanos Adelino Timóteo e M. P. Bonde, e pelo poeta e professor universitário brasileiro Ricardo Pedrosa Alves. Na segunda e última fase, a decisão coube a Adelino Timóteo, Ricardo Pedrosa Alves e ao professor e ensaísta moçambicano Cristóvão Seneta.

Para o júri, “Rosto desabitado [e] os fragmentos do escuro”, de Jeremias Francisco Jeremias, é impecável. A construção de imagens é nítida e inédita e há equilíbrio no conjunto e na atenção à sequência dos poemas no livro. Jeremias Jeremias trabalha sobre a percepção, explorando o poema como pensamento e não como mensagem. Há condensação, ritmo, respeito ao poema como ente “não-parafraseável” (Roubaud). “Rosto desabitado” é um trabalho criativo a partir de elementos mínimos, básicos, como água, luz, pássaro.

Sobre “CHÃOS e outras arritmias”, de Guita Jr., de acordo com júri, a poesia é encantadora, que faz corpo com o chão, com a terra, carregada de sensualidade; é, também, uma poesia que engloba o cosmos, numa vertente suportada pelo amor mesmo quando se lhe denota um certo desencanto do sujeito poético em relação às questões existenciais. Uma poesia firme, madura, dissecada com rigor e com sinais de vir a sobreviver no tempo.

O Prémio de Poesia Reinaldo Ferreira é uma iniciativa da Gala-Gala Edições e contou com o apoio da Casa do Professor e do Diário de uma Qawwi. O concurso visava assinalar as comemorações do centenário de Reinaldo Ferreira (1922-2022), que realizou toda a sua obra em Moçambique, e aqui morreu precocemente, vítima de um cancro pulmonar, aos 37 anos de idade, a 30 de Junho de 1959.

O prémio recebeu, no total, 32 inscrições de igual número de autores. Deste número, dois conjuntos de textos foram desclassificados por não estarem em conformidade com o regulamento. Mereceu a atenção do júri, ainda, os conjuntos “Fotossíntese da pedra”, de Ayra da Keta, “Jardim da Flor Lilás”, de Caminho Pedra e “Ensaios da partida”, de Solua.

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