Hoje é o último dia da peça “Gula”

Termina hoje a mini-temporada da peça teatral “Gula”, espectáculo que pode ser visto às 17 horas, no Cine-Teatro Scala, cidade de Maputo. As anteriores três sessões também foram exibidas no mesmo palco do Scala. “Gula” é uma trágico-cómica escrita por Rita Couto, em 2019.


Em 45 minutos, o espectador é envolvido no ambiente de um escritório, onde um empresário vê-se no risco de todo o seu império desmoronar com a chegada imprevisível de indesejáveis visitantes. O seu conselheiro sugere soluções, na esperança de uma promoção.


No palco, o cenário de um escritório é criado. Mesa de reuniões, cadeiras, um armário e um trono moldado com as mãos inconfundíveis do artista plástico Gonçalo Mabunda, tudo preparado para dar vida a esta peça que é, no fundo, um teatro do absurdo.


“Gula” é uma performance que retrata o abuso de poder, onde se pode vislumbrar a força de um Homem, o dono da empresa, que tudo faz para evitar que o seu império desmorone. No meio a isso, recorre à várias estrtatégias (sem descartar as forças ocultas). Ao mesmo tempo, é visível a preocupação de um dos seus funcionários que, ávido por uma promoção para um cargo, oferece um pouco de tudo e pouco mais para ajudar o seu “boss” a encontrar soluções resolver a crise.


A empregada também não fica de fora, luta por um espaço na mesa dos que poderão ser agraciados e recompensados pelos bons serviços e esgalha-se de forma prestativa. Por isso mesmo que “Gula” é também uma chamada de atenção à forma como, devido à sua fragilidade, a mulher acaba sofrendo assédio.


Neste sentido, é um grito de socorro sobre a gestão abusiva das empresas, os maus salários, a corrupção, os maus tratos, entre outros.


Rita Couto diz que quando escreveu o texto contava com um determinado elenco, sendo um deles “Fernando Macamo, a primeira pessoa que mostrei a dramaturgia. Naturalmente que o texto foi crescendo com a contribuição de todos”.


Sobre as diversas temáticas abordadas, a encenadora diz que quer levar o público a reflectir sobre os males que afectam a sociedade.
“Não me interessa revelar o nome da empresa em si, mas o negócio sujo, ilegal, imoral que acontecem em muitos campos da sociedade. Seja na política, na religião, a corrupção existe nas empresas. O capitalismo, o dinheiro sujo. Como é que as pessoas lutam para ter mais lucro e o que elas podem fazer até esse ponto. Criticar a sociedade assim sempre foi algo que me interessa, falar sobre o abuso do pode”.


Para este espectáculo é, de certa forma, uma nova proposta de interacção com o público que partilha o palco com os actores. A ideia da Rita Couto é que os espectadores vivam as cenas de perto, afinal de contas, tudo o que envolve “Gula” ‘é vivido por todos, diariamente.


“Uma construção que não é comum, um envolvimento mais íntimo. Quero as pessoas no palco porque nós fazemos parte disto, habitamos nestes espaços. Este tipo de teatro é frieza total. Estamos perto destes absurdos e talvez isto nos faça pensar um pouco mais”.
Uma nata de artistas jovens vão dar vida à “Gula”. Na interprepatação são eles: Arménio Matavele, Eunice Mandlate, Fernando Macamo, Ivan Barrama e Nélia Gilberto. Rita Couto na encenação, sonoplastia e dramaturgia; Antnio Sitoi na produção; Tyrez Flyz na música; Gonçalo Mabunda no adereço do trono e Francisco Balói na luz.

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