Aumenta produção cinematográfica nacional

Júlia Alves, produtora e investigadora brasileira, estimulada pelo desejo de conhecer o cinema produzido em Moçambique, envolve-se numa pesquisa profunda com tema e ponto de partida único: “A Produção Audiovisual em Moçambique”, um estudo que analisou parte de obras cinematográficas não-publicitárias, de todos os géneros, produzidas, entre os anos 2010 e 2019, por cidadãos moçambicanos e estrangeiros que vivem em Moçambique.

“A pesquisa surgiu de uma inquietação em observar as imagens produzidas no presente, como uma forma de ressignificação do passado histórico de Moçambique e como ferramenta de uma afirmação de identidade nacional moçambicana, que são temáticas muito estudadas no campo do património cultural e também no campo da história”, afirma Júlia Alves.

O estudo aponta que há uma grave defasagem nos registos oficiais das obras audiovisuais moçambicanas. Segundo a produtora, “o ano de 2010 se destaca pelo pico de produção” , fazendo uma comparação entre as produções dos anos anteriores e posteriores, acrescenta que “2019  se destaca por uma série de lançamentos de realizadores renomados”, são obras que versam sobre assuntos próprios do país, com destaque para a luta pela independência de Moçambique.

Mas não parou por aí, a pesquisa deixa, também, visível que a multiplicidade de temáticas, formatos, abordagens permeiam a produção audiovisual de Moçambique nos dias actuais. 

“Reafirma que o audiovisual moçambicano é uma área dinâmica em efervescência e que tem produzido coisas muito inovadoras, colocando perspectivas e olhares a temas muito pulsantes no momento”, descreve.

Nas obras dos autores moçambicanos, percebe-se que o património histórico e cultural aparece de diversas formas. 

“São maneiras muito distintas, sendo como temáticas, tendo elemento narrativo e mostra também que o audiovisual  continua sendo uma ferramenta  de afirmação de identidade e de reconhecimento dos símbolos nacionais”, esclareceu a investigadora.

Para a realização do estudo, foram consultadas bases de dados online, catálogos, programações de festivais  de vários países e perfis online de produtoras, que serviram de principais fontes de informação. Entretanto, foi necessária a colaboração de Mílvia Atiana e Diana Manhiça, ambas colaboradoras no projecto “Museu de Cinema de Moçambique”, uma vez que, “muitas informações eram de difícil acesso, não estavam nas bases de dados que nós estávamos a buscar”, explica.

A partir da parceria com Mílvia Atiana e Diana Manhiça, a investigadora pôde entrar em contacto directo com produtoras e realizadoras  moçambicanas, e, igualmente, com as universidades e centros culturais de e em Moçambique, o que contribuiu para aumentar o alcance da pesquisa.

Recorde-se que Júlia Alves, teve espaço, na 13ª edição do Kugoma, Fórum de Cinema de Moçambique, numa sessão de conversa, para apresentar o seu estudo sobre o audiovisual que é produzido em Moçambique.

Este estudo já tinha sido apresentado, anteriormente, em fases mais iniciais. Mas foi, no Kugoma, onde falou sobre a pesquisa já próxima à fase final de conclusão do estudo e de escrita.

Segundo revelou à Mbenga, o estudo, fruto de um projecto de mestrado que desenvolve na Universidade Federal de Viçosa, no Brasil, que levou a fazer, também, mobilidade académica na Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique, Maputo, será concluído no final do ano, entre Novembro e Dezembro e vai se desdobrar numa publicação online, onde estarão disponíveis  os temas, análises e dados colectados.

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