Cores e emoções na Festa da Música de Maputo

Na Festa da Música de Maputo não faltou cores e emoções. Foi um dia em que a cidade de Maputo vestiu-se de música, o idioma universal que atraiu as gentes que lotaram todo o perímetro do Franco Moçambicano.

As actividades iniciaram pela manhã e se estenderam até às últimas horas do dia, com a actuação dos Ghorwane, por ocasião dos 39 anos do grupo. A 10a edição da Festa de Maputo foi feita também de artesanato e feira de gastronomia, onde outros foram expostos vários outros produtos artísticos.

Houve oficinas de produção de instrumentos musicais voltada para crianças e, ainda, uma performance das Marionetas Gigantes de Moçambique, antes dos músicos e bandas tomarem o evento.

Da sala grande ao jardim do Franco, o público viajava de palco em palco, levado pela ânsia de acompanhar cada uma das apresentações.

Tocar Valimba para conquistar o mundo

A ligação entre Pai Leão, nome artístico de José Francisco Leão Jone, e a Valimba já dura há mais de duas décadas. A ouvir o pai tocar o instrumento tradicional, em casa e nas ruas da periferia da cidade da Beira, o músico foi nutrindo o desejo de massificar o instrumento, bem como os ritmos produzidos através do mesmo.

Assim, Pai Leão dedicou parte da sua juventude e adolescência ao aprendizado do fabrico da Valimba, instrumento tradicional de feitio e sonâncias semelhante às da timbila, assumindo a missão de não só o produzir, mas, também, de levar o instrumento aos ouvidos de mais pessoas e, claro, passar o testemunho às próximas gerações.

Para tal, o artista criou, em 1997, a banda Batche Derula, juntando diversos artistas com interesse em explorar os ritmos e sons da Valimba.

O agrupamento fez o público do Franco Moçambicano vibrar, na 10a edição da Festa da Música, naquela que foi a primeira presença de um conjunto de fora da cidade e província de Maputo, bem como a primeira actuação de Pai Leão e sua banda, na capital nacional.

“É fantástico. É mais uma oportunidade para nós. Não sou o único que toca Valimba no país e no mundo, há muitos artistas aqui, mas esta foi a minha vez. Só posso agradecer”, reagiu o artista, minutos depois de terminar a exibição no Franco.

Depois do espectáculo, o sentimento era de missão cumprida. “Já fiz o que devia fazer aqui no Franco, o que me resta é continuar a ensinar as pessoas a habituarem a Valimba, da mesma forma que habituamos a Marrabenta, o Jazz e outros tipos de sons”, sublinhou.

Qualquer indivíduo, continua Pai Leão, seja moçambicano, italiano, alemão, inglês ou outro, pode dançar a Valimba, porque é um instrumento completo. “A Valimba não precisa do baixo, pois já vem com o baixo, o ritmo e o solo, diferente da Timbila em que todos solam”, explica.

No palco do Franco Moçambicano, os Batche Derula apresentaram várias composições de temas educativos, em Cisena (língua bantu, falada no centro de Moçambique), misturando a Valimba à bateria e outros instrumentos convencionais.
“Foi muito positivo. Percebi que o público gostou, apesar de achar que ainda não entenderam bem a minha música, por causa da língua que uso nas minhas letras”, revela a justificar que “música é música.”

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