Devolver a filosofia ao povo

Uma certa desilusão com artigos de alguns dos seus filósofos de referência nas reflexões sobre a pandemia e o seu saldo de óbitos, pânico, incertezas, que Severino Ngoenha leu na Magazine francesa, revista científica que “mastiga” desde os seus tempos de estudante naquele país. Decidiu e foi escrevendo o que aos intelectuais que participaram desta jornada e ao filosofo era necessário apontar a lente.

“Crónicas dos tempos pandémicos”, livro a ser lançado amanhã, às 18.00 horas, na Fundação Fernando Leite Couto, instituição de que a respectiva editora o chancela, resulta de análises que pretendem captar o imediato e encaixá-lo no tempo, na história, na ciência a desfiar sem academicismos a complexidade do social, da humanidade.

Ao fechar a revista, num fim-de-semana em Bilene, com um grupo restrito de amigos, isolados da metrópole Maputo, começaram a escrever esta obra, sem pretensão de tal, com a percepção de que Jürgen Habermas, Giorgio Agamben, Slavoj Zizek “perderam uma grande oportunidade de fazer reflexões sérias sobre uma problemática que tocava a toda a humanidade”.

O abalar das certezas, a crise do neoliberalismo triunfante, a incapacidade de uma resposta imediata da ciência triunfante, o desemprego, a morte, a dor, as máscaras, o confinamento, prosseguiu Severino Ngoenha, estavam a ser atingidos de um modo sem precedentes e filósofos mainstream passaram ao lado quando propostos a opinar.

Sem compromissos com prazos, as “Crónicas dos tempos pandémicos” foram sendo publicadas no semanário Savana. Foi a primeira vez que Ngoenha escreveu para o jornal, apesar de antes duvidar se era capaz, em função do hábito redigir de ensaios, livros e artigos científicos que é o habitual.

“Tivemos pessoas a perguntar na rua, a ligar ao jornal a perguntar porque não havia saído algo novo”, conta Severino Ngoenha que dai surgiu a ideia do livro, cujo este volume não tem todas as crónicas escritas nesse contexto.

O retorno que os artigos foram tendo de pessoas que não frequentam a filosofia e ainda assim descodificaram os debates foi um estimul0 tendo em consideração que são pensamentos, questionamentos sobre o quotidiano.

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