África do Sul em destaque na abertura do Sakifo

Bandas e músicos sul-africanos em peso no primeiro dia do Festival Sakifo, que de hoje até domingo irá decorrer em Saint-Pierre, na Ilha Reunião, numa edição em que nenhuma banda moçambicana estará presente.

BCUC, Rádio Sechaba, Bokani Dyer, Stogie T Bongeziwe Mabandla são os projectos do país vizinho que que irão inaugurar este que é um dos maiores festivais de música da região, sendo que este ano terá um formato reduzido a cinco palco, contra os sete de 2019.

Texas, Ami Yerewolo, Kristel, DJ Sebb, Aleksand Saya, Tiken Jah Fakoly, BLK JKS, Blakkayo, Daloner, Justin Adams & Mauro Durante, KanaseL, Synapson Live são outros músicos alinhados para hoje.

Na conferência de imprensa, decorrida no Hotel Saint-Pierre, na manhã de hoje, a promessa foi viver o momento e transmitir a “beauty”, que acreditam ser a razão de fazerem o que fazem. E um dos projectos com o qual tivemos uma conversa foi o do Bongeziwe Mabandla, do qual é integrante, tanto enquanto produtor, assim como multi-instrumentista moçambicano, Tiago Correia Paulo, provavelmente conhecido no país por ter integrado os 340 ml.

“Pensamos em fazer uma ilha no centro do palco, estaremos muito próximos um do outro, para não dispersar a atenção das pessoas para explorar melhor a singularidade da voz dele”, esclareceu Tiago Correia Paulo, explicando como será a performance, a qual a composição da luz foi também tomada em consideração para que tenha o efeito que pretendem.

Os dois músicos, que já se apresentaram em Maputo, num formato acústico na Biblioteca da Fundação Fernando Leite Couto e na Sala Grande do Centro Cultural Franco-Moçambicano, apresentaram o seu primeiro trabalho conjunto em 2017 ao lançarem o álbum “Mangaliso”, (que significa “maravilha” ou “milagre”). Três anos depois, trouxeram a superfície “Iimini” (“dias”), que estava previsto para ser lançado em Maputo, no dia 23 de Março de 2020.

“Quando terminamos o “Immini”, dissemos a Record label que nós vamos lançar em Moçambique”, contou Correia, que a razão de tal opção residia no facto de estar consciente que “é uma construção muito moçambicana”.

Os samples, prosseguiu, foram gravados em Maputo. Há um, de uma trompete, que foi gravado em frente do quartel militar, há sons de cães da cidade capital e dos morcegos do Jardim Tunduro.

Mantendo o título na sombra, disse que os dois já têm um álbum pronto, gravado no período da pandemia, num processo diferente ao que estão habituados, o de envio dos materiais através da internet. Antes da pandemia, viviam muito próximos e o processo de escolhas de instrumentos e outras questões de produção eram feitas em conjunto.

“Fico a me perguntar se as pessoas vão entender este trabalho, que é estranho”, assume o Tiago, que o descreve como “um álbum mais artístico, de experimentação e harmonia”, no qual se explora de forma mais profunda e diferente das anteriores a nova voz de Bongeziwe Mabandla.

O novo álbum, narrou, não é dominado pela guitarra, como já nos tinha habituado o músico sul-africano que já conta oito anos de carreira. Há músicas que iniciam com um lupe e um sintetizador. E ele está a pôr voz em cima desse lupe.

A expectativa é que nesta performance, apresentem um repertório composto pelas músicas dos dois álbuns que já fizeram juntos e que, a semelhança do que o “Mbenga” viu em Maputo, possa transmitir a emoção que a música do Bongeziwe Mabandla transporta, até porque, nas suas performances há uma certa expressividade corporal para trazer a audiência a atmosfera das mensagens que pretende transmitir.

“As coisas que fiz e aprendi na vida, de algum modo, está incorporado na minha música”, disse o vocalista sul-africano, a responder se o facto de ter feito um curso de teatro influenciava na sua performance. Concluiu dizendo “arte é encontrar beleza no mundo, ter uma conexão com as pessoas”. E o palco proporciona esse momento.

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