O IOMMA arrancou com propostas do Quénia, Ilha Reunião e Madagáscar

0
236

À semelhança de Maputo, a temperatura de Saint Pierre é uma incógnita onde tudo é possível em 24 horas, chuva, sol intenso, calor e frio. Ontem foi assim durante o dia e, afinal, era o prenúncio da noite do início do IOMMA.

O IOMMA é a sigla do Mercado de Músicas Oceano do Índico, para o qual são convidados produtores, programadores, jornalistas e outros intervenientes da indústria musical da costa para ver bandas e músicos que poderão “bukar” para os seus espaços de actuação.

Passavam alguns minutos depois das 18.00 horas, quando a delegação moçambicana chegou ao Le Kervenguen, onde se realizou a abertura destes showcases, que irão decorrer até quinta-feira.

A delegação moçambicana é composta por representantes do Conselho Municipal da cidade Maputo – vereação da Cultura, Director Geral da Khuzula Investimento Paulo Chibanga, a Banda Rahja Ali, a Associação Iverca e os jornalistas José dos Remédios e Leonel Matusse Jr.. Assim como a banda do Radjha Ali, composta por Amade e Nando Morte (percussionistas), Sílvio (guitarrista), Sidney (baixo) e Paulo Borges (eng. de som).

Cabia ao conjunto Gargar Meets Kasbah, do Quénia abrir as sessões. E assim foi. Um trio de mulheres quenianas de origem somali, Luli Bashir Muge, Anab Gure Ibrahim e Amina Bashir Elmoge vestidas de branco no centro do palco que tinha nas laterais o músico franco-argelino Kasbah, um guitarrista virtuoso e uma percussionista super enérgica.

A sua proposta é uma música folclórica somali, chamada cuchítica, numa fusão com a electrónica e uma base instrumental ocidental, que empresta outras sonoridades ao tradicional.

Este conjunto, vencedor do Prêmio France Musique de World Music 2014, vinha carregada de uma grande expectativa, pois o seu conceito é interessante. Entretanto, notou-se uma desconexão entre os elementos da banda e sob ponto de vista performativo, tem ainda alguns aspectos por consolidar.

Paulo Chibanga e Ivan Laranjeira, dois programadores moçambicanos, já com anos de estrada, observaram que “talvez depois de mais rodagem, poderão acertar o passo”.

Musicalmente, a viagem no “Garissa Express” – título do álbum que apresentaram -, habitam num universo sónico verdadeiramente exploratório e experimental.

Na sequência, Saodaj, um jovem quinteto da Ilha Reunião, nos apresentou uma proposta de maloya, ritmo tradicional da ilha, com um vocabulário composto de várias influências da Europa e africanas. Mais conectados, enquanto conjunto, a voz de Marie Lanfroy, sua vocalista, proporcionou meia hora de performance, como é a regra para todas as bandas.

Com a chuva a cair fora da sala do espectáculo, transmitiu o seu calor com a sua música que embora “contaminada” com outras sonoridades, mantém a sua conexão com o ancestral.

Aquela meia hora de uma música única soube a pouco. Olo Blacky, uma banda malgash é que fechou a primeira noite.

Para Moçambique, a expectativa está em alta para vermos Radjha Ali amanhã às 21.30 de Saint Pierre (19.30, em Moçambique).

Durante a tarde, haverá um workshop, subordinado ao tema “Método de avaliação de impacto ambiental, social e territorial para o setor musical”. É mais tarde, Jim Fortuné, Kombo e Fayazer, os três da Ilha Reunião farão as suas apresentações. Assim como, da Ilha Seicheles, se apresentará Eliajah e a banda Warrior.

Artigo anteriorInstituições nacionais querem trânsito entre artistas do país e da Ilha Reunião
Próximo artigoPróximo álbum de Frank Paco poderá incorporar maloya
É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here