A batota dos sonhos das mulheres aos olhos de Manu Madeira

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Contragram (2021) Oleo sobre tela

Manu Madeira dedica esta sua exposição, intitulada “A batota dos sonhos, a inaugurar na quarta-feira, às 18.00 horas, na Fundação Fernando Leite Couto, às mulheres. Esta mostra inaugura a temporada desta galeria para o ano 2022.
Através de uma linguagem artística, observa a curadora Yolanda Couto no texto de apresentação da exposição, Manu funde a arte e a vida, demonstra possuir uma grande percepção da realidade e de sensibilidade, mista de um sentimento de admiração da “mulher comum” e da sua interioridade humana.
Durante um largo período, descreve a curadora, a artista conheceu e conviveu com mulheres de diversas origens sociais nomeadamente, de centros de recuperação, de mercados, de escolas, de outros locais de trabalho ou simples donas de casa. Realizou com elas muitas entrevistas abordando os mais diversos temas como a liberdade, a fé, a vida e a felicidade.
Com elas aprendeu que o desejo humano de tentar criar o futuro dos nossos sonhos é, mais do que um simples elemento do nosso instinto de sobrevivência, baseado em sustentar ou melhorar experiências passadas e presentes. Sonhar é o primeiro passo para a liberdade. É libertar o desejo adormecido.
“Manu diz-nos que esse sonho consciente é muitas vezes obscurecido com fronteiras inconstantes e porosas, entre escuridão e luz, entre a esperança, a realidade e o absurdo”, lê-se no texto que estamos a citar. Ao que se acrescenta que “o sonho ganha então outra forma e substância quando o mesclamos no relacionamento com os outros e com a sociedade”.
Nesta mostra encontramo-nos frente a frente com as diferentes personagens, quer em momentos de lazer como de luta, quer em meditação ou em harmonia, mas, em todas elas, procurando incessantemente encontrar estratégias de sobrevivência.
Utilizando uma técnica mista, com óleos, tintas e acrílicos sobre painéis de gesso, a sua pintura, de puro realismo, muda ousadamente para um estilo livre de cânones, muda da metamorfose do sonho para a realidade, segundo a sua visão da concretização do futuro sonhado.
Nos seus retratos, quase todos realizados em 2019 e 2020, Manu Madeira reafirma, inequivocamente, a sua crença na luta diária das mulheres e na sua própria crença no futuro. Pinta mulheres artistas, estudantes, donas-de-casa, activistas, desempregadas, que vivem vidas emocionais, corajosas e não convencionais, mulheres que participam, cada vez mais activamente, na construção de uma sociedade sem paradigmas nem conceitos.
É membro e co-fundadora de dois colectivos de arte, o Bank Studios e o Eisil Contemporary, sedeados na Irlanda. Foi co-presidente da Eisil Contemporary por um ano, com a responsabilidade dos programas colectivos anuais, que incluem exposições de artistas, alocação de estúdios e oficinas de arte para residências públicas e artísticas. Actualmente, Manuela é membro da Rhok Academy em Bruxelas, onde também pratica a sua arte.

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É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

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