Lino Mukurruza ressuscita as suas extintas cinzas

Em seu novo livro de poemas, o terceiro, Lino Mukurruza apresenta-nos um sujeito-poético consciente e maduro, com uma poesia que roça a própria desmaterialização da poesia, com versos duros e herméticos, quiçá, a lembrar-nos o Luís Carlos Patraquim ou o Paul Celan.

O livro, “A extinção da cinza”, é um “manual de sobrevivência” em forma de tomos, quatro tomos, precisamente, “A sombra dividida”, “O luto na extinção da sombra”, “Silêncio em estado líquido” e “Cores na água do rosto”, que perfazem 66 páginas. Poesia de expiação, de consolação, como anuncia o primeiro caderno: “o poeta não duvida das possibilidades de sentidos minerais, opacos ou fosforescentes […] lamenta, afirma e aponta, mas não duvida nunca, sequer questiona”, escreve o poeta e professor brasileiro Ricardo Pedrosa Alves, que assina o posfácio.

Para Pedrosa Alves, ler “A extinção da cinza” passa por uma abertura ao indizível do desregramento dos sentidos. […] Mukurruza deixa no chão a pretensão segmentadora da poesia moçambicana entre intimista ou social. A liberdade, motor de sua operação de montagem, recebe no livro o devido respeito, daí também certo tom hierático.”

“A extinção da cinza” sai depois de “Almas em tácitas”, publicado em Portugal em 2015, e é o volume 5 da colecção Biblioteca de poesia Rui de Noronha.

O lançamento do livro, a decorrer no dia 26 de Novembro, no Centro Cultural Português – Pólo da Beira, pelas 18h, será conduzido pelo professor e crítico literário Cristóvão Seneta. O evento obedecerá a todas as normas de prevenção contra a covid-19.

Sobre o autor

LINO MUKURRUZA nasceu no dia 04 de Maio de 1989, na Cidade de Lichinga. É formado em Ensino de Língua Portuguesa, pela Universidade Pedagógica de Moçambique/Niassa.

Publicou os livros de poemas Vontades de partir & outros desejos (FUNDAC, 2014) e Almas em tácitas (Lua de Marfim, 2015). Participou das colectâneas Clepsydra (Coisas de Ler, 2014), Vozes do hinterland (Letras de Angola, 2014), Premonições (Lua de Marfim, 2015) e Idai – marcas em verso e prosa (Gala-Gala Edições, 2020).

Obteve, em 2015, uma menção extraordinária no Prémio Mundiale di Poesia Nósside. É fundador do Clube de Leitura de Angoche (CLA) e professor na Escola Secundária Hamdan Bin Rashid e do Instituto Politécnico da RHDC, em Angoche, onde reside.

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