Paulina incrédula com o Camões

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Paulina Chiziane

“Estou incrédula”, reagiu Paulina Chiziane para os mais próximos, pouco depois de saber que é o Prémio Camões 2021, o maior galardão de literatura de língua portuguesa, anunciada hoje pela ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca.

A sua expectativa, disse alguém próximo, é que “[mas penso que] os que nos repudiaram percebam a nossa luta”, provavelmente se dirigindo aos homens que a atacaram por ser mulher no início da sua carreira.

De acordo com a Lusa, foi uma escolha feita por unanimidade. “No seguimento da reunião do júri da 33.ª edição do Prémio Camões, que decorreu no dia 20 de outubro, a ministra da Cultura anuncia que o Prémio Camões 2021 foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane”, lê-se na nota informativa hoje divulgada.

“O júri decidiu por unanimidade atribuir o Prémio à escritora moçambicana Paulina Chiziane, destacando a sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra”, lê-se ainda.

O júri, prossegue a nota da Lusa, referiu também a importância que dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana, africana e o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes.

“A obra de um autor não vale pelas vendas – é pelo seu efeito multiplicador enquanto produto epistemológico original. É aqui onde a sublimação do pensar tem seu maior eco”, reagiu o comunicólogo Sérgio Langa.

Depois de ter sido distinguida, continuou, por melhor contribuição teológica Bantu no Brasil, por via do “Ngoma Yethu”, chega este prêmio que faz cair por terra as ignóbeis e pejorativas designações que alguns portugueses, luso-moçambicanos e otários inocentes, tomados pela ditadura ideológica estética, um dia proferiram contra ela.

Este prémio, observa o editor Celso Muianga, reflecte, igualmente, o nível de aceitação que a escritora está a ter nos últimos cinco anos no Brasil, onde pouco antes da pandemia, teve a proeza de vender cinco milhões de cópias. Assim como a repercussão que está a ter nos Estados Unidos de América, depois da tradução de “O Sétimo Juramento”. Alguns dos seus livros foram publicados e traduzidos em inglês, alemão, italiano, espanhol, francês, sérvio, croata.

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É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

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