E se as vaginas falassem?

“Se as vaginas falassem” é o projecto que a moçambicana, Atija Assane apresentou no Upcycle 2021, na Fortaleza de Maputo.

A proposta discute os impactos das práticas coloniais, patriarcais e capitalistas na saúde ginecológica. É um trabalho, essencialmente, de questionamentos e partilha. Não de respostas. Atija considera o corpo um espaço de vivências, registo e revisita de memória. Aborda também a instrumentalização da mulher, numa perspectiva temporal.

“O trabalho é inspirado numa série de conversas com mulheres que passaram por experiências negativas com os seus corpos”, contou Atija Assane, a explicar que o projecto desafia a visão do arquivo, procurando mostrar que o corpo é também uma estante onde se pode visitar algo e se obter uma visão relativa ao quotidiano.

Atija detalhou que “Se as vaginas falassem” nasce de uma experiência pessoal, que a levou a uma introspecção em torno das práticas que colocavam a sua saúde em causa. “Conversei com outras mulheres e percebi que, afinal, somos muitas e todas nós temos perguntas e coisas para partilhar”, realçou.

Atija Assane

Não foi por defender uma causa, acrescenta, porque não é necessariamente uma causa. Atija Assane defende que a sociedade impõe condições e experiências ao indivíduo, logo à nascença “a partir do momento em que se descobre que é uma menina ou rapaz, há coisas que vão acontecer na tua vida que estão directamente ligadas ao órgão que tu tens”.

O maior ganho de Atija Assane nesta residência artística foi o aprendizado. “Tive um olhar crítico sobre outras formas de estar na arte. Principalmente, tive acesso a artistas inspiradores, com quem tenho projectos para o amanhã. Ter essa rede de suporte e trabalho é único”, finalizou.

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