Frases de Ungulani e Suleimane nos guardaroupas e pelas ruas

Percorrendo a Rua Consigliere Pedroso, sem a luz, sem o brilho das prateleiras compostas por capas de livros, está a antiga Minerva, o mesmo na esquina da 25 de Setembro. É igual noutras livrarias da cidade de Maputo. Recusando a nudez que pode ser uma cidade sem escritores, livros, Mélio Tinga e Eduardo Quive conceberam T-shirts com frases de autores moçambicanos.

Ungulani Baka Khossa e Suleimane Cassamo, incontestáveis escritores do cânone moçambicano, imprimem frases dos seus livros em camisetas, agendas, sacolas, chevenas, entre outros materiais. A Catalogus, projecto encabeçado por Tinga e Quive, concebeu este projecto na expectativa de fragmentar os livros e distribuir pela cidade. Quais bibliotecas ambulantes.

“A ideia é resolver problemas que nós passamos e conhecemos por dentro”, disse Mélio, autor dos livros de contos “Voos dos fantasmas”, “a engenharia da morte” e “Marizza”, romance com o qual venceu a 4.ª edição do Prémio Literário Imprensa Nacional/ Eugénio Lisboa.

Numa chamada telefónica, Mélio Tinga, que é igualmente designer, explicou que o projecto pretende, através da linguagem, hábitos e costumes correntes, democratizar o acesso à arte, a literatura e ao escritor moçambicano, em particular.

“Não tem(os) nenhuma limitação geográfica”, explicou Tinga, trazendo a conversa o facto do projecto possuir um sítio na internet, dedicado a publicação de biografias, títulos, sinopses, rotinas e pensamento de escritores.

“O autor, estando em qualquer parte do país e do mundo, pode aceder à plataforma, entrar em contacto a partir do próprio site, para poder aderir como autor, desde que tenha acesso à Internet”, esclareceu Tinga, que igualmente ao lado de Eduardo Quive coordenou a publicação do ebook Crónicas e contos para ler em casa (vol. 1 e 2).

Várias livrarias encerraram em Maputo, depois do mesmo já ter acontecido no resto do país, havendo gerações que nunca entraram numa. Mélio Tinga e Eduardo Quive querem contribuir com a limpeza dos obstáculos para a difusão da literatura moçambicana.

A ideia é de aproximar o autor ao seu público leitor, através da partilha de suas frases no quotidiano.

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