Os ventos de Agosto vem Carmen Muianga a explorar o azul na exposição “O homem que cai na Terra”

“O homem que cai na Terra” é o título da exposição individual da artista plástica Carmen Muianga, a inaugurar quarta-feira às 18.00 horas, na Galeria da Fundação Fernando Leite Couto, na qual está, sobretudo presente a cor azul.

Composta por pinturas, desenhos, gravuras, telas e técnica mista, as obras transbordam de azul, que é uma cor que pode significar tranquilidade, serenidade, harmonia e espiritualidade.

O azul pode ainda estar associado à frieza, monotonia e depressão. Igualmente simbolizar a água, o céu e o infinito. Como inclusive sugere o texto de apresentação da exposição assinado pela artista multidisciplinar Eliana Nzualo.

“(…) Em algum momento senti água salgada na cara, mas não sabia se era mar ou era lágrima. Podia ser também chuva. (…) Estaria a cair ou a voar? Podia estar também a mergulhar. Podia estar num delírio profundo. Podia estar num abismo entre a vida e a morte. Podia estar a rezar. (…)”, lê-se.

“O homen que cai na Terra” estará aberta ao público até ao dia 5 de setembro deste ano, das 09 às 18.00 horas. As visitas deverão obedecer as medidas sanitárias instituídas para a prevenção da pandemia. É nesse contexto que a sala só pode receber simultaneamente 12 visitantes por vez.

Através desta mostra percorremos pelo imaginário e olhar de Carmen Maria Muianga sobre a realidade que lê de forma crítica e sensível cujo resultado são outras sugestões de interpretação do mundo.

Desengane-se quem olha para a exposição como quem vai encontrar respostas imediatas, pois, como aliás demonstra o texto de Eliana Nzualo há vários caminhos possíveis para entender esta exposição.

Carmen Maria Muianga, é uma artista plástica nascida na actual cidade de Maputo, em 8 de outubro de 1974. Cofundou o Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique (MUVART), que agitou as águas das artes plásticas moçambicanas, mudando a percepção de identidade africana. 

A obra de Carmen – composta por pintura, gravura, desenho e colagrafia -, explora o abstracto, tendo a natureza como um universo fértil para a criatividade, o que se evidencia na presença de elementos vegetais nos seus trabalhos.

Em 1989, Carmen Maria Muianga, concluiu o curso básico da Escola de Artes, tendo prosseguido o ensino técnico médio, entre 1992 e 1997, na Escola Nacional de Artes Plásticas de Havana, Cuba.

Abraçou a docência ainda no país insular localizado no mar do Caribe, lecionando Pintura na Escola Lopes Penha nos anos 1995/6. Entre 1997/8 foi docente de Gravura, Anatomia Artística e Desenho Analítico na Escola de Artes Visuais. E de Artes Visuais na Escola-Galeria Eugénio Lemos.

Na Namíbia, Carmen lecionou no Centro de Arte John Muafangaio. De regresso ao país, se tornou professora na Escola Nacional de Artes Visuais (ENAV) e na Escola-Galeria Eugénio Lemos.

Considerada a principal divulgadora da técnica da colagrafia no país, Carmen Maria Muianga representou Moçambique na Expo’98, em Lisboa, e no ano seguinte participou na 4ª Mostra Trienal Internacional de Gravura Kochi no Japão e foi distinguida com o 1º Prémio (em Gravura) na Bienal TDM, com uma Menção Honrosa no MUSART e 2º Prémio (em Pintura) no concurso/exposição Reconstrução.

Sua exposição individual em Maputo em 1999 foi seguida de várias exposições colectivas no país, Japão, Namíbia, Itália, Finlândia, Holanda, China e Portugal. Desde então, tem participado nas exposições da colecção crescente da galeria Kulunguana e tem obras em colecções privadas nacionais em Angola como o Museu Nacional de Arte, a colecção TDM e estrangeiras.

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top