EDUARDO CHIVAMBO MONDLANE, IDEIA UNIVERSAL

Celso Muianga

Era uma vez um grito e uma criança. Era uma vez uma aldeia chamada Mwandjahane. O frenesim começou com os primeiros raios de Sol que inundaram aquela aldeia, aquele grito, aquela criança que os velhos da aldeia aperceberam-se imediantamente dos sinais misteriosos que envolviam o seu grito e o remexer dos braços fora do comum. E criança esbracejava como um sinaleiro faz quando  uma aeronave move-se em plena pista. A notícia não dormiu no caminho e rapidamente tatuou todo Nwadjahane e outras aldeias circunvizinhas.

«Nasceu. É homem! Vai chamar-se Eduardo Chivambo Mondlane» – Disse o velho patriaca dos Dzovos com um furor indiscritível nos olhos.

«Que o menino seja bem-vindo. Precisamos de mais rapazes para cultivar a terra. E como dizes que ele tem uma energia incomum vai ser muito útil para o trabalho das minas».

«Até gostaria que ele fosse mesmo às minas, mas não sei se na primeira mina que ele for admitido ainda sobrará ouro ou irá às minas do carvão em Malatlhene…»

«Só Deus sabe. Ele é que traça as linhas do destino de cada um. Deixemos a criança crescer. Logo se verá» – Senteciou a avô materna. O olhar não escondia o vigor das suas palavras proféticas.

O tempo, esse monstro que ninguém sabe deter foi tecendo os dias como os velhos teciam o capim para cobrir as palhotas e os tectos dos celeiros. A colheita tinha sido farta naquele ano de 1920, em Manjacaze.

Os anos passaram. E as vezes que tinham começado naquele 20 de Junho sucederam-se, inexoravelmente, como as ondas do mar. O menino cresceu. Aprendeu os segredos da caça, da pastorícia e as primeiras letras em Cambine.

Se fosse esta a história que todos sabemos do que aconteceu ao ex-menino de Nwadjahane que tornou-se um símbolo nacional, o arquitecto da Unidade Nacional, tal como rezam os mitos fundacionais desta Pátria de Heróis. E assim é que, consequentemente inaugurou-se a estátua na avenidade que ostenta o seu nome em 1989.

Neste dia em que comemoramos os 101 anos do nascimento de Mondlane inauguramos a semana de celebração da Independência Nacional no dia 25 de Junho, a mesma Independência pela qual Eduardo Mondlane perdeu a vida, há 52 anos na Tanzânia lutando por ela. Em fevereiro de cada ano, o dia 3, o dia dos heróis foi instaurado em homenagem ao dia da sua morte. Temos razões de sobra para corroborar com estes factos notáveis para que o dia 20 de Junho seja O DIA DA UNIDADE NACIONAL- EDUARDO MONDLANE, sobretudo nestes tempos pandémicos, o recolhimento é uma soberana oportunidade para nos dedicarmos à reflexão e à valorização da memória. Urge a criação do Museu Nacional Eduardo Mondlane para elevação da valorização legado de Eduardo Chivambo Mondlane, um dever nacional para ser ensinado às crianças e jovens de todas aldeias moçambicanas. Neste dia mundial dos refugiados socorro-me de Leon Tolstoi, o velho barbudo russo  que escreveu obras literárias tais como GUERRA E PAZ, ANA KARENINA, A MORTE DE IVAN ILITCH, RESSUREIÇÃO, autênticos monumentos das letras mundiais, disse SE QUISERES SER UNIVERSAL PRIMEIRO COMECE POR PINTAR A SUA ALDEIA. As palavras deste grande escritor reenviam-nos para a exaltação de Mondlane, pensada, programada, mas sobretudo praticada que nos poderá decisivamente levar-nos também  ao panteão universal de valorização de um dos melhores filhos de Moçambique, de África e do Mundo: EDUARDO CHIVAMBO MONDLANE.

Celso Muianga

20 de Junho de 2021

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