José Craveirinha nasceu há 98 anos

JOSÉ Craveirinha, patriarca da poesia moçambicana, completaria hoje 98 anos de idade. Para homenageá-lo familiares e alguns amigos depositam flores esta manhã na sua cripta na Praça dos Heróis, em Maputo.

Em face das restrições impostas pela Covid-19, a cerimónia organizada pela Fundação José Craveirinha, será restrita, não tendo a família anunciado a hora da sua realização. O intelectual perdeu a vida há 17 anos.

Conforme a família de um dos maiores inventores da literatura em língua portuguesa no século XX e marco incontornável da poesia moderna, previa-se, para este mês o lançamento a título póstumo do livro “Plebiscito”. Os poemas que compõem a colectânea datam de 1974, escritos em reacção ao 25 de Abril, em Portugal.

“Reuni poemas publicados depois da revolução dos cravos, 1974”, disse Zeca Craveirinha, presidente da Fundação e responsável pelo espólio do finado, a quem coube a organização desta publicação.

A obra que sai sob chancela da Alcance Editores, de acordo com a descrição da Fundação “Craveirinha”, é composta por 200 poemas, nos quais, vertem as angústias do intelectual humanista que, com a pena, combateu o colonialismo e todas as ideias opressoras.

Com um olhar de ave de rapina, o escritor, premonitório, vaticina, “faz prognósticos, que como podemos observar, se transformaram em realidade”, como indicou Zeca Craveirinha no sarau que, em Fevereiro deste ano, marcou a passagem de 17 anos da morte do vencedor do Prémio Camões em 1991.

O poeta-mor era um homem de causas, com uma consciência social e política aturada. Prova disso é a sua entrega aos movimentos activistas que lutavam pela dignificação da nação para sua materialização.

Falecido a 6 de Fevereiro de 2003, aos 80 anos de idade, José Craveirinha foi o primeiro escritor moçambicano e africano a ganhar o Prémio Camões, em 1991, o maior e mais importante galardão literário de língua portuguesa.

José Craveirinha nasceu no antigo Lourenço Marques, a 28 de Maio de 1922. No seu percurso trabalhou como jornalista nos periódicos moçambicanos “O Brado Africano”, “Notícias”, “Tribuna”, “Notícias da Tarde”, “Voz de Moçambique”, “Notícias da Beira” e “Voz Africana”.

Como escritor e poeta usou diversos pseudónimos, entre os quais Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno Cravo e Abílio Cossa.

Foi o primeiro presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos, entre 1982 e 1987. Em sua homenagem, a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), em parceria com a Hidroeléctrica Cahora Bassa (HCB), instituiu em 2003, o Prémio José Craveirinha de Literatura.

Entre os livros que publicou destacam-se “Xigubo”, “Cantico a un dio di Catrame” “Karingana wa Karingana”, “Cela 1”, “Maria” e “Izbranoe”, que lhe valeram vários prémios como Cidade de Lourenço Marques (1959), Reinaldo Ferreira do Centro de Arte e Cultura da Beira (1961), Ensaio do Centro de Arte e Cultura da Beira (1961), Alexandre Dáskalos da Casa dos Estudantes do Império, Lisboa, (1962), Nacional de Poesia de Itália (1975), Lotus da Associação de Escritores Afro-Asiáticos (1983), Medalha Nachingwea do Governo de Moçambique (1985), entre outros.

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