Conto de Eltânia André

Texto de Eltânia André

A SOLIDÃO DE ALZIRA*

Para Alberto Bresciani

Alzira irradiava alegria com o pedido oficial de casamento, a cerimônia seria realizada no dia 15 de dezembro na Igreja Santa Rita de Cássia; adotaria o sobrenome do marido e trocaria o Ponty, de seu pai, por Castello, do sogro. Jorge exigiu que ela pedisse demissão da fábrica de tecidos, tinha que cuidar da casa e se preparar para os filhos que viriam. Há quase oito anos trabalhava como assistente de custos, os colegas aconselharam-na a não abandonar o emprego, mas, decidida, preferiu entregar-se inteira à vida doméstica. Acostumou-se rapidamente à rotina da casa, trocava receitas com as vizinhas, para surpreender o marido com agrados culinários, fisgando-o também pelo estômago; ela mesma fazia a massa do macarrão, pão caseiro pela manhã, café torrado e moído na hora – era mais gostoso, dizia. Bordava o enxoval: roupas de cama, mesa e banho, cuidava com zelo de todos os detalhes da decoração da casa. Como era feliz. Com poucos meses de casada, engravidou – uma festa para o casal. Jorge não cabia em si, alisava sua barriga, conversava com o feto. Ele a proibiu de pegar peso, fazer esforço, ou arriscar-se lavando a varanda e banheiros. Para evitar problemas, Corina, antiga empregada da família Castello, foi chamada para cuidar das limpezas mais pesadas. Aproveitando as horas em que não tinha o que fazer, Alzira se concentrou nas roupinhas do bebê, nos mimos que enfeitaria o quarto, fez pelo menos uns dez sapatinhos de crochê, bordou as mantas de piquet com flores cosidas com fitas de cetim, ela tinha jeito para essas coisas, e comprou um álbum “recordações do seu bebê”, ali anotaria todos os momentos, desde o dia do nascimento até um ano de idade.

, uma menina, nasceu saudável, parto tranquilo. Eles a cobririam de mimos. Talita encheu a casa de luz. A mãe Alzira muito dedicada, ciosa dos cuidados com a filha, não reclamou das dores do parto, do esforço que fazia para alimentar o bebê com o peito que sangrava, enquanto a mãe gemia de dor, nem da insegurança quando o choro invadia a casa sem que ela soubesse o porquê – se pelo menos sua mãe estivesse viva, mas… Para completar a plenitude do lar, menos de dois anos depois nasceu Thais – duas meninas correndo pela casa, que mais poderiam querer?  Alzira desdobrava-se para cumprir o seu papel de esposa, dona de casa e mãe. Às vezes, sentia falta do trabalho na fábrica, mas com a certeza de que a estranha tristeza era apenas saudade dos amigos, convidava-os, uma vez por mês, para um café da manhã no final de semana. Batia broa de milho, fazia a torta de fruta-pão com recheio de goiabada que o Agnaldo gostava tanto, biscoitos crocantes de nata para agradar a Fernanda, ovos mexidos para comer com torradas, bolo de nozes, um verdadeiro banquete. E entre as xícaras de café, exibia suas princesas… Era um tal de “que gracinha, que fofura, puti… achou!, mostra a língua, já sabe namorar – namora com a mamãe, agora com o papai…”. “Elas já sabem escrever o nome todo, agora escreve aí pra titia ver – ‘mamãe’, muito bem…”  “Balé, elas estão fazendo aula de balé lá na academia da Zuzu, a Thais ganhou até uma medalha na última competição, está ali no quadro na parede…” “A festa de quinze anos da Talita será no clube do Remo, economizamos durante quatro anos, mas tem que ser assim, só se faz 15 anos uma vez na vida, né?…” “Somos muito felizes, temos uma família perfeita…”  “O Jorge está morrendo de ciúmes porque elas já estão namorando, fazer o quê?…” “Sinto tanta saudade das meninas, sei que cresceram, mas para nós serão sempre nossas menininhas; elas mudaram para a cidade grande, lá a escola é melhor…” “Nossa!”.

 Foi um sufoco para pagar as despesas com moradia e com a universidade, o Jorge, coitado, fazia horas extras praticamente todos os dias e, nos finais de semana, conseguia uns bicos para completar o orçamento. Alzira dispensou a ajudante, apesar da casa de cento e cinquenta metros quadrados, fora a área externa (o que causava muita inveja nos vizinhos), dispensou também a manicure, o cabeleireiro, a costureira. Mas ela não reclamava, tinha pena era do Jorge,eu não me canso, faço com prazer as minhas coisas, às vezes minhas costas doem, mas é só isso, não suporto casa suja, roupa fora do lugar e nem o terreiro com folhas secas que caem da mangueira”. Eles faziam planos, quando as filhas se formassem e estivessem estabelecidas no mercado, iriam fazer a tão sonhada (desde a lua de mel) viagem ao sul do Brasil, “um dia iremos à Serra Gaúcha, visitaremos Gramado e Canela, vamos saborear um belo café colonial, andaremos pelas ruas, e, com sorte, veremos a neve caindo daquele céu. Um dia nós vamos, um dia”. O calendário, em sua dinâmica, arrastava os meses com severidade e disciplina, e, quando Alzira percebeu, ela estava sozinha com o marido, nem pais nem sogros nem filhos nem empregada nem nem nem nem nenhum. Há alguns anos não havia mais os encontros mensais com os antigos colegas da fábrica. O tempo se encarregou de distanciá-los, de sepultar relações; uns casaram, outros mudaram e o Agnaldo – “que Deus o tenha”. Seguindo a tradição, quando as filhas estavam prestes a lhe dar netos – primeiro nasceu Ana e Júlia, depois o Xande – Alzira viajava para Belo Horizonte e ficava por uns dois meses longe do marido, ensinando-as a cuidarem dos filhos, dar o banho, curar o umbigo, colocar para arrotar, cuidar das dores de barriga… Ah, como Alzira se sentia bem ajudando a família, guerreira e incansável – gozava com sua sina de dar-se numa bandeja ao outro. Jorge aposentou-se, compulsoriamente, por invalidez, ele já não tinha a saúde muito boa, herança genética – complicações com os rins. Começou a fazer hemodiálise, duas vezes por semana. Alzira acompanhava o marido e, apesar do incômodo na alteração da rotina, ela se sentia completa, tinha o companheiro que pediu a Deus. Ela e Jorge nunca brigavam, ele nunca levantou a voz para ela. As meninas deram um pouco de trabalho, “coisa de adolescente” – “a mãe de fulana conversa comigo no facebook e o pai do sicrano tem até um blog, mas aqui em casa só pensam em culinária, orçamentos, trabalho-trabalho-trabalho, vocês são velhos e estão por fora”. Eles não se importavam, “isso passa, é coisa da juventude, só uma fase”. E estavam certos, pois a rebeldia passou. “Mãe, pai, amo vocês, mas é que não está dando para ir ao interior, muita coisa muita coisa muita coisa, mas no natal estaremos aí. Vocês deveriam passear de vez em quando, pegar um pacote turístico na CVC, se não der para ir a Gramado, por que não vão a Campos do Jordão?”

“E a hemodiálise de seu pai?” – ela argumentava.

A casa tão sem vida e Alzira sem muito o que fazer, eles não sujavam o chão, andavam pouco pelos cômodos, e começaram uma dieta por causa da doença de Jorge. Alzira tinha que se cuidar, a taxa de colesterol acima do tolerável, batia na estratosfera. Continuava a cuidar da horta, que plantara nos fundos do quintal, mas a pequena produção, destinada à subsistência da família, ainda era dividida com os vizinhos, porque já não conseguiam consumir as verduras como antes – comiam pouco, amavam-se menos, raramente tinham alguma novidade para compartilhar. Gostavam mesmo é de chá de hortelã, depois que ouviram no programa da Ana Maria Braga, sobre suas excelentes propriedades medicinais. Sim, era viciada no “Mais Você” (mas não suportava aquele papagaio cansativo, aquele animal de plástico com sua aparência e voz irritantes infantilizando as donas de casas – melhor seria migrá-lo para a TV Globinho). Alzira colhia as folhas para imergi-las na água fervendo – com gotinhas de adoçante, “que delícia!”. Com o tempo, a doença de Jorge agravou-se e ele não resistiu. “Foi a vontade de Deus, fazer o quê? Deus dá, Deus tira.”  Alzira ficou sozinha naquela casa que parecia ter se transformado em um imenso estádio. “Fui muito feliz com o Jorge e agradeço por tudo que passamos juntos. Agora ele está no céu me esperando e eu vou levando. As meninas têm o trabalho, as crianças para cuidar e moram longe daqui, mas elas ligam todos os domingos, quase todos.” Mas Alzira não podia reclamar da sorte, morava em uma cidade pequena e conhecia muitas pessoas, estava sempre rodeada por elas. Passeava pelo bairro com o velho sorriso nos lábios: “Oi, seu Anselmo! Como vai a Donana?” “Qualquer hora apareça para um café, será um prazer, Marly.” “É verdade, o preço das coisas está pela hora da morte.” “Então, a Luzia vai casar?” “Não sabia, coitado, foi atropelado? Mas passa bem?” “As meninas estão ótimas, até logo, amanhã eu volto para ver se chegou verdura fresca.” “Com a graça de Deus…” “Me passa essa receita, Dona Fia.” “Sim, pra dar certo tem que bater a broa e só colocar o fermento no final, senão desanda.” “Falo sim, digo sim, elas estão bem, trabalhando muito, não têm tempo pra nada.” “Bblábláblábláblá.”.

Desenho de Joaneth

Mas, numa tarde, quando girou a chave para entrar em casa, deu de cara com a solidão e com a felicidade necrosada. Ela assustou-se com aquela revelação, mas fingindo nada perceber abriu as janelas, ligou a televisão e assoviando uma velha canção desviou as lágrimas, que represadas, desaguariam num rio possível. E assim aconteceu. No armário da sala, várias garrafas de licor, prontas para o caso de receber visitas. Um calicezinho do de jabuticaba não faria mal, depois outro outro outro.

E a vida prosseguia com sua normalidade, imutável na maioria das vezes, assim imaginava. Mas não sentia tanto entusiasmo em alisar o chão, ou remendar as meias, ou em aguar as plantas e cuidar da horta, não gostava de cozinhar só para si e passou a optar pelo macarrão instantâneo, encheu o armário de miojos, também não fazia mais os sucos naturais, comia a sopinha com um copo de licor. Aos domingos ia à missa das dez da manhã, apaixonada pelos sermões do padre Benoit, a tentação das adolescentes daquela época, e depois passeava na feirinha da praça. “Oi, Rosa! Como vai o Antônio? Sinto falta dele, mas Deus sabe o que faz, né mesmo?”Nas festinhas de aniversário que aconteciam na vizinhança era sempre convidada, não podia fazer desfeita, levava pelo menos uma lembrancinha quando não podia ir. Ajudava na preparação das prendas para a quermesse da igreja, ou na programação mensal das atividades assistenciais da casa paroquial. Não parava. No mês de maio, desdobrava-se trabalhando de sol a lua para a grande festa em homenagem à santa italiana Rita Lotti, consagrada como Santa Rita de Cássia.

Houve um ano em que as filhas a convidaram para passar uma semana com elas em Caldas Novas. Como Alzira resplandeceu ao lado deles, os netinhos estão crescidos, tão lindos e por dias ela teve de quem cuidar – destino íntimo, afinal ela acreditava que nasceu para servir. As garrafas vazias, os licores acabaram e Alzira não tinha mais ânimo para repor, era uma trabalheira: lavar as jabuticabas, secar com pano, socar no pilão, misturar a pinga e depois coar e ainda fazer a calda. Não recebia visitas, só a comadre Zulmira aparecia uma vez ou outra para uma conversa rápida. Como precisava de um líquido para acompanhar suas refeições, comprou no supermercado “Tem de Tudo” um litro de conhaque “é ótimo para a culinária, Seu Francisco, com alcatra então, hum”. Ela escutou uma vez que conhaque era bom para esquentar o frio, então encheu as jarrinhas de licor com Dreher e no inverno se servia daquele cálice. Mas o inverno de Alzira não passava, e, na tentativa de evitar os tremores, ela se medicava com o líquido milagroso.

Espalhou pelos móveis diversos porta-retratos, com fotos do casamento, da infância das filhas, espalhou suas inquietações que transbordavam enigmáticas. Ela não entendia as metáforas, sucumbiu à fantasia de não ter vivido como queria, mas nunca em vão. Gostava de olhar os álbuns de recordações das meninas quando bebê. Tomava um gole e ria ao ouvir a própria voz: primeira mamadeira, primeira papinha, beijava os tufinhos de cabelos envoltos por laços de fita, à noite ela coloca as fitas VHS com imagens dos aniversários da Talita e da Thais, dois anjinhos soprando velinhas. Havia passado vários dias fazendo os docinhos, passou anos fazendo enfeites de festa, anos se passaram sem que ela percebesse. Tudo: inho, inha, mas dentro um vulcão que se negava a atender às erupções. Durante algum tempo, quando tinha compromisso, nem tocava no armário, não bebia nenhuma gota, as pessoas são rígidas, exigem comportamentos, e ela poderia ficar mal falada, andar na boca das línguas ferinas da cidade com a moral manchada pela nódoa da maledicência. As filhas sempre ligavam nos finais de semana. E Alzira esperava, ansiosa, o toque do telefone, “minhas meninas, meus tesouros”. Escutava as vozinhas dos netinhos: “Vovó, feliz aniversário”. Depois de doses de conhaque, Alzira sentia-se no céu, com uma família amorosa, o que atrapalhava era a geografia. Até que um dia o destino mandou-lhe um presente, no dia em que uma cachorra de rua a seguiu, quando voltava da missa, e instalou-se na porta da cozinha e por lá ficou, de nada adiantou os gritos de Alzira, “xô, xô, sai vira-lata”. Alzira passava para ir ao tanque e ela abanava o rabo, fazia seu show. No início, Alzira deixou para a cadela um pouco de seu macarrão e uma cumbuca de água, por pura caridade. Ela latia querendo dizer alguma coisa como: “obrigada”. Instalou-se sobre o tapete por vários dias, com a firme intenção de permanecer para sempre. Mas Alzira era cristã e não podia deixar a pobrezinha naquele estado, sem amparo, então cuidou de suas feridas e deixou que Lily (assim a batizou) dormisse dentro de casa, afinal fazia muito frio naquele maio, ela tinha o seu conhaque, mas a cachorra nada tinha.

, “ainda não lhe contei de como eu era feliz?” E confidenciava para a fiel ouvinte suas mais íntimas lembranças. E Lily, para demonstrar seu interesse, abanava o rabo e lambia suas mãos, como se dissesse: “eu estou aqui, você não está sozinha”. Com o tempo Alzira passou a sentir a cama muito larga e permitiu que a amiga dormisse como ela. Para receber bem sua convidada, tirou do baú os lençóis mais estimados que só usara em ocasiões especiais. Trocou os pacotes de macarrão instantâneo por cardápios mais elaborados. Alzira desconfiava de que sua companheira gostasse de filé de frango ao molho de catupiry, filé mignon grelhado com arroz à grega, arroz carreteiro, escondidinho de carne-seca, pudim de leite condensado… E se esmerava para agradá-la. Alzira colocava o prato de Lily em frente ao seu, na mesa principal, o que se tornou um hábito para as duas. A cadela já sabia que seu lugar era ali, estava acostumada a sentar em sua cadeira no café da manhã, almoço, jantar e o chá das dez. Alzira quase não saía mais de casa, apenas para abastecer a despensa e o seu copo que não mais ficava vazio. Lily não a abandonava, unha-e-carne, eram inseparáveis. Alzira dava banho em sua companheira na banheira, passava xampu importado, secava seus pelos com o secador, coçava sua barriga até que adormecesse, limpava suas sujeiras pela casa, e, entre doses de conhaque, Alzira não se cansava de contar suas histórias, gargalhadas e latidos estouravam no ar, até que cansada, cansada de rir de si, calou-se. As filhas insistiram nos telefonemas: domingo o dia inteiro, várias vezes na segunda, na terça, na quarta, mas ninguém atendeu. Sinal de alerta: isso nunca aconteceu. Em outras ocasiões, nas poucas vezes em que chamaram e ela não atendeu, era porque estava nas compras, ou no banho. “Não era possível que estivesse esse tempo todo fora; mamãe estava tão bem, sempre bem disposta, alegre – o que poderia ter acontecido? Viajar não iria, sem avisar”. Chamaram para a casa de dona Geraldina, comadre-vizinha da rua de baixo, e ao saberem que ela também não a via há dias, a preocupação tomou foros de desespero. Em poucos minutos encheram uma mochila com o suficiente para a viagem de 300 quilômetros, e seguiram para desvendar o mistério. Recebidas por um dia chuvoso, a primeira cena as preparou para o pior: as janelas da frente, num abre-fecha intermitente, se debatiam às ordens de um vento autoritário, uma língua de cortina para fora, voava numa coreografia, que acenava com a trágica constatação de ausência, “cadê mamãe para fechar as janelas? Mãe?”, o odor que exalava dos aposentos, feriu-lhes as narinas. Na antiga vitrola, um antigo LP do Evaldo Braga rodava alheio ao que sucedia naquele momento, mas foi o grito de horror e os lábios brancos de Talita que compôs a trilha sonora da vida real. Com as pernas bambas e pânicas, amparou-se no bufê enquanto Thaís, pálida e sem forças, leu, na romaria de formigas que subia pelos pés da mesa rumando no sentido do prato de pudim, e, no caótico balé de moscas que zuniam pela casa, a confirmação do pressentimento que as acompanhavam. A comida intocável nos dois pratos azedava à espera de quem não mais voltaria, o litro de conhaque pela metade, e um estranho cão, sentado na cadeira, uivava compulsivamente, como seu choroso e penetrante lamento.

*Conto do livro Manhãs Adiadas, de Eltânia André

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Eltânia André nasceu em 28 de agosto de 1966 em Cataguases-MG (Brasil, Minas Gerais), atualmente vive em Lisboa, graduada em Administração de Empresas, Psicologia – pós-graduada em Saúde Pública e Psicopatologia. Autora dos livros: Manhãs adiadas, contos, Dobra Editorial, SP, 2012; Para fugir dos vivos, romance, editora Patuá, SP, 2015; Diolindas, romance, editora Penalux, SP, 2016, escrito em parceria com Ronaldo Cagiano; Duelos, contos, editora Patuá, SP, 2018. Colaborou como cronista (com coluna mensal) para o http://escritablog.blogspot.com/  a convite do professor e escritor Wladyr Nader e para diversas revistas e jornais literários como: Chicocataletras, Talibã, Rascunho.

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