Vê-se a “Ilha dos Escravos” hoje no “Franco”

QUATRO sobreviventes de um naufrágio abordam a uma ilha, onde as leis em vigor implicam mudanças drásticas de comportamentos, na peça de teatro “Ilha dos Escravos”, que sobe ao palco do Centro Cultural Franco-Moçambicano, hoje, em Maputo.

Trata-se de um trabalho resultante da residência artística envolvendo o Centro de Recriação Artística e artistas da Companhia de Artes Makwerhu, sob direcção e encenação de Gigliola Zacara e co-encenação de Fernando Macamo.

“Amos e criados invertem os seus papéis e após fazerem prova de adaptação a uma nova ordem social, podem assim reconquistar a liberdade e retomar a viagem de regresso aos seus lugares de origem”, lê-se na descrição da peça. 

A comédia escrita pelo dramaturgo francês Pierre de Marivaux, também conhecido por Pierre Carlet de Chamblain de Maria é, conforme o documento, impregnada de “moralidade”, que surpreende pela sua acutilante actualidade.

O autor, entende o Centro de Recriação Artística, entre a ironia e o sarcasmo, parece eleger o amor como a terapia certa para que os homens estabeleçam novas relações entre si e dessa maneira, poderem melhorar os seus comportamentos.

Com efeito, a “Ilha dos Escravos” é uma metáfora que revela um lugar utópico, como prenúncio de um mundo humanizado, tolerante e solidário, bem diferente daquele, que hoje se apresenta.

A contextualizar, o comunicado de imprensa refere que em Moçambique, certas cidades foram emissoras de escravos, nomeadamente, a Ilha de Moçambique,  Baía Lourenço Marques ou Lagoa Bay, em Inhambane e em Quelimane.

“Actualmente, apesar de a escravatura ter sido abolida em quase todo o mundo, ela ainda existe de forma legal no Sudão e de forma ilegal em muitos países, sobretudo, na África e em algumas regiões da Ásia”, lê-se no documento enviado ao “Notícias”.

“Ilha dos Escravos”, prossegue o comunicado, é um protesto contra as formas contemporâneas de escravatura, como o tráfico de seres humanos, a prostituição forçada, as crianças-soldado e o trabalho em condições de servidão.

O projecto visa manter viva a memória das resistências, pois a única opção dos escravos foi sempre a liberdade, quer através da religião, da música, da poesia, da luta e outras manifestações, a qual não eram, meramente, física, mas antes moral, naquilo, que visava preservar dentro da servidão.

Estarão em palco seis actores, nomeadamente, os artistas: Gigliola Zacara, Fernando Macamo e António Sitoi, do Centro de Recriação Artística, e, Américo Sotó, Cesária Vuende e Daniel Banze, da Companhia de Artes Makwerhu. A direcção e encenação a cargo de Gigliola Zacara, co-encenação de Fernando Macamo e a produção de Osvaldo Mauze.

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