Cronicando fez-me desistir de escrever

Tenho dores de cabeça. Não é ressaca, já não bebo. Já não bebo para acordar com babalaza.

Bebo.

Olho-me no espelho e vejo que não tenho vocação.

– Você não tem cara!

Recordo-me da frase cada da vez que chego ao sexto ou oitavo copo e então paro. Quando persisto o sono me pára. Quando acordo, ligo o GPS e volto para casa. Se distante, activo o modo Proud, RIP Proud, corro e no dia seguinte me vejo em casa.

Do nada vejo meu cão na cama. Ele ladra, não percebo o que diz. Mas minha consciência fala:

– Miúdo, não tens vocação. Nem cara.

Acordo, lavo a cara que dizem que não tenho. Levo a mão ao queixo, apalpo os fios, revolto-me com Deus: “Senhor, por quê é tão mau comigo!!? Como é possível? Vou chegar aos 30 sem barba mesmo?!Odeio”.

Penso em limpar a cara usando a toalha, mas partilho a casa de banho, não é justo limpar a cara com a toalha que, provavelmente, limpou… Deixo a água secar na face.

Os raios solares. É inverno, os raios solares são bem-vindos. Penso em caça-los, mas só vejo um clarão, onde os raios focam. Reparo com atenção e percebo que o meu cão já oocupou, apropriou-se daquele espaço. Agi, Otto. Faça algo, o cão é teu, empurra o gajo, chuta, ameaça-o com uma pedra. É N’quenho esse, simula estar a pegar uma pedra, que ele vai sair.

Não!

Sem agir, o cão saiu do clarão, senti que ele leu o meu pensamento – como não sou de ameaças – pensei em jogar uma pedra e para o azar do cão, no meu quintal só tem pedregulhos.

Sentei-me na areia. Recebi os raios em primeira mão. Depois de 30 minutos a meditar, senti uma coceira. Pulgas, caraças, pha! Sim, o cão deixou-as. O Januário é um cão pulguento, pha!

Fechei os olhos, pensei em entrar no quarto para escrever e lembrei-me do título do texto. Mas é só hoje.

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