A espera de Godot

Por: Francisco Mário, Nélia Nhambau, Vasco Cossa, Jércia Chambal e Jorge Matoio (Estudantes do 2˚ ano licenciatura em teatro II grupo Análise teatral)

A espera do Godot é o título da peça teatral escrita pelo renomado e histórico dramaturgo Samuel Backet, apresentada como exercício de culminação, na Fundação Fernando Leite Couto, num início de noite de Novembro,  pelos estudantes Castigo dos Santos e Fernando Macamo de Licenciatura em Teatro da Universidade Eduardo Mondlane. Esta performance contou com a encenação colectiva do Castigo dos Santos, Fernando Macamo, sob supervisão da Professora Angelina Chavango.

Os estudantes fizeram uma adaptação do texto e contextualização do mesmo para contexto moçambicano. A peça retratava a história de dois mendigos Vladmir e Estragon que esperam incansavelmente próximo a um monumento.

A cenografia vigente era fixa sem sofrer nenhuma transformação nem transferência concebido de modo a figurar metamorficamente a atmosfera necessária de maneira natural pois, eles estavam em um ambiente de natureza com folhas jogadas ao chão, árvores e o monumento que parecia com as sereias, o que não ia muito ao encontro do  que se propunha em relação ao espaço, assim como o cenário que não fugiu de uma visão supostamente contemporânea, isto é, um teatro pobre com poucos adereços, permitindo desta forma com que os actores desenvolvessem sua criatividade, possibilitando o desenvolvimento de jogos dos actores e os adereços criando uma dinâmica na performance.  A estátua encontrava-se na esquerda alta e o banco na direita alta com uma altura de 45cm, as personagens souberam de uma forma excelente gerir o espaço na projecção dos seus movimentos, os actores faziam as diagonais no palco de forma constante, salvo uma e outras vezes mas na sua maioria predominavam estas acções.Durante esses movimentos as personagens submetiam-nos a vários momentos emocionais e muito mais de angústia, amargura, preocupação.

Por sua vez a música foi fonte invisível e visível porque, segundo Jean Pierre Ryngert, são todos os sons de estábulos que chegam a nós desde a música convencional até aos ruídos do andar, porta, murmúrios do público, sendo ou não motivado pela ficção, com isto também ouve o som dos passos dos actores no palco, risadas vindo do público, o som produzido pelo vento, pelas árvores, movimento do público, o som emitido pelos actores através de assobios. Entretanto a iluminação não teve muitas variações pois ela era constante, possibilitou com que percebéssemos que não houve um técnico de luz ou melhor houve pouca luz na exibição da performance, esta luz possibilitou a visualização da cena, estabeleceu relação entre o actor e o objecto, delimitou o espaço de representação, assim como também permitiu a visibilidade do público, estava numa posição de contra luz, havia dois projectores na esquerda e direita na frente do palco e os dois projectores numa altura média, uma altura que possibilitava a visibilidade dos actores no palco.

O figurino nesta performance assumiu funções específicas dentro do contexto, ajudando na caracterização do estatuto social, roupas típicas do ocidente serviram no trabalho da caracterização das personagens, aliás segundo PAVIS, figurino é a segunda pele do actor. Nesta performance os actores apresentavam outras características dado ao  desenho do seu figurino, durante o espectáculo este figurino serviu para figurar outros elementos que dominavam o espectáculo dado a perspectiva emocional das personagens em que foi concebido o espectáculo e desta forma fez um casamento perfeito do estado psicológico dos actores e o figurino, também mostrava o quanto confuso estava a vida das personagens,os seus sentimentos,  amarguras e humilhação.

Observou-se uma linguagem clara, coerente e objectiva, as falas das personagens eram bem perceptíveis ao público, o espectáculo não tinha uma boa projecção vocal visto que a acústica do local não favorecia, sendo um espaço aberto com muita movimentação de pessoas.

Godot foi apresentado numa dupla perspectiva, a física e textual ou falas, tendo assim se explorado muito mais a textual, o discurso das personagens faz para si mesma em cena que pode ser para si ou direccionado para o público seja na base de fala, texto e corporalmente.

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