Indignação ao Prêmio BCI

Por Pedro Pereira Lopes
Escrevo porque o é que mais gosto de fazer, com uma dose gorda de ingenuidade, fiel a tudo que tenho aprendido! Manifestei-me, hoje cedo, contra a atribuição do Prémio BCI de Literatura 2017 ao João Paulo Borges Coelho (JPBC) e, recebi, de alguns, palmadinhas nas costas, pela ousadia, e, de outros, tempestades de vitupérios. Pensei em escrever uma carta ao BCI, patrono do Prémio, e à Associação de Escritores Moçambicanos, da qual sou membro, mas confesso, a vontade já me está a passar, não por resignação, mas porque seja, quiçá, a “nossa maneira moçambicana”, que nos corre entre as veias, o “deixar andar”. A minha indignação à atribuição do prémio não está

relacionada ao facto de eu não ter sido o vencedor, como muitos devem estar a pensar, na verdade, eu já tinha a minha sugestão (Luís Carlos Patraquim, Aldino Muianga, Mia Couto ou Hélder Faife), mas era apenas a minha aposta! O JPBC é o meu escritor de eleição, admiro-o assaz e com ele tenho aprendido muito!
A minha indignação não está relacionada ao autor ou à obra (“Ponta Gea”), um belíssimo e muito original livro, mas à falta de imparcialidade, isenção – se assim quiserem –, profissionalismo, nepotismo e respeito para com outros editores e escritores moçambicanos, por parte do júri (sem, quiçá, incluir o poeta Armando Artur e o professor Aurélio Cuna). Refiro-me, só para rematar, ao envolvimento do escritor Jorge de Oliveira (JO) no processo, o presidente do júri. Por que a minha contestação? O JO é o actual representante da “Ndjira” (do Grupo Leya), a editora o JPBC, ou seja, ele é o porta-voz/editor do JPBC em Moçambique; o JO esteve nos (dois) eventos da apresentação do livro, nos meses de Novembro e Dezembro, nas cidades da Beira e Maputo (com o autor, como é evidente); nos mesmos meses, JO fez “marketing” do livro nas redes sociais (em especial no Facebook), partilhando fotos e “recortes” de jornal. Que ilações se podem tirar? Ainda que merecedor, volto a sublinhar, a atribuição deste prémio está contaminada e a literatura moçambicana merece mais! Foi comédia? Foi! Mas foi também o nosso modo de fazer as coisas! 

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