Brasileiro usa teatro para mudar o mundo

GUIADO pela crença de que o teatro pode mudar o rumo da vida de uma pessoa para melhor, Expedito Araujo, actor e gestor cultural brasileiro, instalou-se em Maputo há três meses, onde orienta formações a crianças em situações de vulnerabilidade.

Foi neste contexto que criou um grupo de teatro no periférico bairro 25 de Junho (Choupal), denominado Negrinhos de Moçambique. O grupo é constituído por jovens dos 15 aos 20 anos de idade.

No mês passado, o grupo estreou em palco com o espetáculo da peça “Aquele que Diz Sim e Aquele que Diz Não”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht.

O trabalho desenvolvido por Expedito Araujo é voluntário, subsidiado pelo seu próprio bolso e apoios que amigos, no Brasil, enviam, de forma a materializar esse sonho de, através do teatro, salvar a vida das pessoas e definir um rumo positivo.

“Eu acredito que o teatro pode ajudar a recuperar um indivíduo e a contribuir para a construção da consciência cidadã”, disse, em entrevista exclusiva.

Esta crença, pelo que contou, é diariamente alimentada pelos resultados que assiste com os grupos que acompanha, relatando que já vê o reflexo nas atitudes de alguns dos seus formandos.

Mensalmente viaja para a província central de Tete, onde, igualmente, coordena um grupo de jovens com a mesma finalidade de, com o teatro, contribuir para a transformação social e cidadã.

O projecto está a ser frutífero de tal forma que depois de 15 anos fora dos palcos, sentiu-se estimulado a voltar a representar em público. É neste contexto que na segunda quinzena do próximo mês, numa data ainda por anunciar, vai apresentar, no Centro Cultural Brasil-Moçambique, uma peça de Guimarães Rosa.

Nesse espectáculo, Expedito Araujo fará a performance da leitura dramática de “A Terceira Margem do Rio”, que marca, em simultâneo, os 20 anos de carreira a trabalhar com a cultura e 50 da morte de Guimarães Rosa.

A trilha sonora do espetáculo será feita pelo também brasileiro Lívio Menino e, ainda do Brasil, a actriz Mónica Torres vai participar através de um vídeo.

A sua última aparição em palco foi em 2002, quando representou Hécuba, uma tragédia grega escrita por Eurípides em 424 a.C. Na ocasião, contracenou com a actriz Ester Gois (uma das mais importes nas artes cénicas da actualidade brasileira).

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