Esperança e sua ausência, ironia, lágrimas, rostos do quotidiano estão patentes em obras de pintura e cerâmica na sétima edição da exposição “Colecção Crescente”, na galeria Kulungwana, cidade de Maputo, até 13 de Maio.
Pouco mais de uma centena de artistas nacionais ou residentes em Moçambique, juntaram-se a esta iniciativa da Associação Kulungwana, que anualmente acolhe na sua galeria, sita na Estação dos Caminhos de Ferro de Maputo.
Este ano a curadoria convidou-os a reflectirem sobre a Paz, pois “é um tema muito actual e importante que nos leva a olhar para as nossas vidas quotidianas”, escreveu no catálogo Mieke Oldenburg, curadora da mostra.
Mieke Oldenburg dispôs os pequenos quadros em diferentes blocos temáticos, embora a exposição seja sobre a paz, os artistas plásticos dialogaram o assunto em perspectivas diferentes.
A pomba branca abunda nas telas patentes, não obstante notam-se diversas técnicas, algumas inovadoras promissoras, como as obras de Luís Sozinho, por exemplo.
A narrativa que se pode construir através da mostra evidencia a falta de esperança na busca pela paz, noutros momentos, as vitimas dos conflitos e os causadores, noutros ainda os efeitos na alma de quem vive em situação de conflito, não só armado.
Mia Couto escreveu o prólogo da amostra. Conforme registou, a sua geração viveu mais em guerra, que em paz. Sustentou apontando que nas últimas seis décadas o país viveu assolado por conflitos militares: guerra de libertação nacional, guerra de agressão rodesiana e a de 16 anos.
Neste sentido sugeriu que Paz, é outro nome de Moçambique. “Os moçambicanos sabem do valor da paz porque pagaram com sangue a sua sucessiva ausência”, lê-se no catálogo.
O escritor observou que a paz só vai se efectivar no país quando for encarada como uma cultura.
Enquanto não for assim, a violência, o recurso à ameaça para materialização de projectos, prosseguiu, vão parecer que valem a pena.
Entretanto a se seguir, leva-se a sociedade a uma vertigem, que por mais que as armas se calem, como se tem assistido hoje “há várias guerras em Moçambique: a guerra contra as mulheres e as crianças, a guerra contra a tranquilidade pública, contra os albinos, contra as minorias, contra os que pensam diferente”.
Acredito que pequenos gestos podem mudar o mundo. Encontrei no Jornalismo a possibilidade de reproduzir histórias inspiradoras. Passei pela rádio, prestei assessoria de imprensa a artistas e iniciativas. Colaborei em diversas página culturais do país. Actualmente sou repórter do jornal Notícias. A escrita é a minha arma”. |
Faltava uma plataforma com conteudos culturais, de caracter informativo.
Esta de parabens o mbenga e muita força aos proponentes e colaboradores do blog.
Parabéns pelo Blog. Já tinha congratulado ao Hélio pelo artigo sobre Hip-hop.
Congratulo o Leonel pelo exercício feito neste todavia o artigo podia explorar mais a visão sensibilidade do autor. Percebo que singiu-se em transpor informação que lhe foi “passada” através do catálogo (Mike e Mia). Creio que podia ter explorado sua visão enquanto jornalista cultural, trazendo aquilo que constatou do bom e do mau. A riqueza (diversidade) de técnicas, por si, oferece oportunidade para ir a fundo na elaboração do artigo. Mais de 100 artistas numa só EXPO propicia espaço para o autor transpor por escrito esse “misto de sentimentos” que refere. Como? Por exemplo, explorar a dimensão semiótica de algumas obras que julgar mais próximas ou distantes da causa, partindo da menção às técnicas.
Não é fácil escrever sobre Arte num contexto em que os leitores foram tomados de assalto pela Política (partidária) por isso considero-vos heróis em exercício.
Muita Força, caros.
A LUTA CONTINUA.