Nelsa Guambe Expõem os seus sentimentos

4Quando 2015 iniciou, Nelsa Guambe decidiu pintar com mais intensidade. Mergulhou no trabalhou e criou vários quadros. A motivada pela realidade que presenciava, em conversa contínua com Moçambique, exprimiu os seus sentimentos.


Há cerca de duas semanas tomou uma decisão e já não há como voltar atrás. A irmã gemia, Nelly, segura-a no braço em sinal de apoio, Nelsa respira fundo, com a firmeza da decisão que tomou segura a porta da galeria do Núcleo de Arte e convida o público para presenciar a sua primeira exposição individual. “A Arte Por Trás da Mulher” está patente desde o dia 10 de Abril e finda no dia 20 de Abril.

Quem é Ela?

Nelsa Guambe nasceu em Chicuque, província de Inhambane, em 1987. Suas ambições não cabiam em Chicuque, para satisfaze-las rumou à África do Sul para ser formada, licenciada, em Administração Público e Estudos de Desenvolvimento na UNISA (University of South Africa), em 2010.

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Sozinha aprendeu a dominar as artes plásticas e se tornou membro e artista do Núcleo de Arte. Esta artista plástica Moçambicana já participou em várias exposições colectivas em diversas instituições, das quais se destacam as seguintes: três exposições no Núcleo de Artes, em 2011 e 2012 respectivamente; Uma exposição no Evangelische Luthersch Kirche, em Detmold, Alemanha; duas exposições no Instituto Cultural Moçambique-Alemanha anos de 2012 e 2015; duas exposições no centro cultural Franco Moçambicano (2012 e 2014).

Actualmente Nelsa vive em Maputo. Trabalha a tempo inteiro na sua área de formação e é ainda fundadora e responsável, juntamente com a sua irmã gémea Nelly Guambe, da marca de design de moda Mima-te.

Quais os sentimentos que se escondem por detrás das mulheres?

Se perguntarmos a mulher o que ela têm? O que ela sente, quer e deseja saberíamos”, expressa Nelsa olhando para os seus quadros. Mas as perguntas por vezes tardam, por isso ela decidiu por si só responder essa questão: o esconde se por detrás da mulher moçambicana?

 

Nossa expositora define as suas obras como diálogos que ela trava com sua terra mãe. “Minhas obras são uma conversa contínua com Moçambique”. Nestas interlocuções, uma mistura de sentimento passeia nas telas, as vezes tristeza e outras vezes alegrias.

“As vezes as minhas conversas com Moçambique me deixam revoltada, indignada. A realidade social, me deixa triste. Mas também retrato felicidade, como na obra Jam Session que dou vida a pessoas descontraídas, felizes. Enfim, a pintura é uma maneira de retratar o dia-a-dia, fazer uma análise de Moçambique através de cores nas telas.

Para a expositora um quadro é um espelho, cada um faz a interpretação consoante as suas experienciam. “Eu gosto que a audiência faça o seu próprio juízo. Eu crie as obras, agora cabe as pessoas que as vem fazerem o seu julgamento”, narra humilde.

O estilo artístico de Nelsa Guambe é característico. Marina Camarate, apreciadora das artes plásticas, descreve-o com os seguintes termos: “Entre tintas acrílicas sobre a tela e pastel de óleo sobre papel, a artista desenvolve um expressionismo abstracto e figurativo de justaposição de cores vibrantes e pincelada livre. Entre figuras bizarras, desconstruções geométricas e de figura humana, a artista representa mediante vibrações africanas o que a inquieta socialmente”, pormenoriza.

As obras de Nelsa preencheram a galeria do núcleo de arte. São no total 27 obras, todas de 2015, menos a obra Eu gosto de quem gosta dela. Esta obra marca a ruptura entre as duas técnicas usadas por Guambe. “Na primeira parte da exposição uso a tinta acrílica sobre a tela e na segunda pastel de óleo sobre o papel. A segunda parte trago molduras, retratos de rostos, facetas que as várias mulheres têm”.

A aventura da decisão

Nelsa e Nelly são gemias, além da aparência física, elas partilham os mesmos gostos. O seu trajecto é similar, as duas estudaram na mesma universidade, em cursos diferentes, e participaram das mesmas exposições colectivas. Nelsa fez várias questões a si mesma. “Será que vale a pena? Será que não devemos esperar? Será que é a hora certa? Será que devia consultar mas alguém? São perguntas que surgiram, mas eu senti que estava preparada para fazer e decidi fazer”.

Nelly no inicio ficou reticente, mas deixou que a irmã desse os seu primeiro passo a solo. “Eu de princípio estava relutante se tinha de ser agora, uma exposição individual requer coragem, pois, é a representação de seu eu. Então perguntei a minha irmã:

– tens certeza?

– Sim, eu tenho obra suficiente e tem que ser agora, respondeu Nelsa.

Vi as obras, percebi que no fundo ela estava se preparando desde o inicio do ano. Eu disse wau!!! Mulher corajosa mulher que quer mostrar o que faz e está preparada”, relatou Nelly com admiração e orgulho de sua irmã.

Nelsa sabe que a decisão foi repentina. “Não estava previsto fazer a exposição hoje, decide faze-la a umas semanas atrás. Este é o mês da mulher d eu sinti que é este o momento oportuno para fazer a instalação”.

A exposição tem um pedaço dos amigos e colegas de trabalho mais próximos da expositora. “Ontem, com ajuda dos meus amigos e colegas de trabalho, passamos a tarde e noite dispondo as obras para a exposição. Foi um trabalho duro, saímos da galeria muito tarde”.

Um passo gigantesco para uma primeira exposição individual

O trabalho colectivo deu resultados, Zé Maria, apreciador das artes plásticas e membro do agrupamento Pazedi, confirma. “Esplêndido! Um passo gigantesco para uma primeira exposição”, relata gaguejante procurando palavras para descrever o que os seus olhos vêem”.

As palavas que não saíram oralmente, forma expressas no caderno de felicitações.

“Há muito tempo que esperava ver algo da menina que agora é senhora a empurrar a bicicleta para o núcleo de arte. Hoje ela impura a arte na vida”.

A emoção toma conta do rosto de Nelly, seus brilham. “é bonito ver os trabalhos da minha irmã nesta sala”.

O público contemplava as obras com atenção e trocavam comentários sobre as mesmas. Nelsa Guambe recebia abraços, beijos e felicitações do público. Além da demostração afectuosa, o público respondia de outra forma. “A exposição está a ser um sucesso. Já vendemos um bom número de obras”, constatou Nelly.

A expositora lança um apelo. “Convido a todos para que venham dar uma olhada a exposição”.

Se planos de uma exposição em vista ela deixa tudo por aberto. “Não há nada em vista, mas se Moçambique quiser conversar comigo eu estou aberta”.

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