Ghorwane em concerto no Gil Vicente

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A noite de sexta-feira, 30 de Janeiro, já ia cair, quando começou a ecoar algum som no Gil Vicente Café’s Bar. Era mais uma noite de comemoração dos 10 anos da existência daquele estabelecimento comercial. O responsável pela casa tem na manga os Ghorwanes.


Texto: Pretilério Matsinhe | Foto: Hamilton Chambela​
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Bem antes de o concerto iniciar, o público expectante zanzava aos arredores dos artistas. Preocupação à vista, estavam ansiosos para beber da água que os bons rapazes iam fornecer. A sede não parava de gritar.

O concerto começou com a música “Mabukwanhani”. A guitarra ficou a cargo de Carlos Gove, teclado com Jorge Moisés, baterria com Paito Tcheco, trombete, Júlio Banze, Antoninho Banze como trombetista e vocalista, Muzila com saxofone e Roberto Chitsondzo ficou responsável pela guitarra e voz.

Estava aposto para a festa continuar. E continuou. A sala ainda um pouco vazia, Roberto Chitsondzo, usou e abusou de seu talento, convidou mais público e esse foi enchendo a casa. Na terceira música, o público já começava a corresponder ao som, acenava com a cabeça, deixava os artistas mais a vontade.

Na sua maioria brancos, descontraiam-se com a marrabenta, intentando alguns passos. A sintonia que a banda apresentou não dispensava aplausos. Na quarta música, Antoninho como voz principal, improvisava alguns passos da marrabenta. Júlio embarcava com ele e o álcool nos presentes não ficava detrás.

Roberto Chitsondzo aproveita uma brecha para agradecer ao público: “muito obrigado por terem vindo e porque este é o primeiro concerto do ano, queremos dedicá-lo a quem não está cá connosco e desejar a todos um ano muito próspero. Endereçamos os nossos abraços às vítimas das cheias no país”, terminava a sua intervenção, e o público aplaudia, simplesmente por dois motivos: um discurso pertinente e a sede pela música.

E a música continuava, Antoninho aparentava ser tomado pelos espíritos africanos. Dividia-se entre trombete, voz e dança. Fim da primeira parte. Sílvio Pondja, fã dos bons rapazes, faz a sua avaliação: “está muito bom, estão a interpretar bem as músicas. Sinto que o estilo ainda é o mesmo e isso é bom”, elogia enquanto os artistas vão bebendo um gole de água.

Na segunda parte entraram com “Massotxa”, dançaram “Makwayela” e convidaram o público a imitar. Bem ou mal, imitou.

O convidado especial, Chan Wa Gune, na 11ª música, “uso Massiyake”, subia ao palco, a plateia gritava, a tontura da bebida já se fazia sentir, a timbila também. Roberto já dava sinais do término do concerto, o público queria mais e não parava de pedir. “ O ano ainda é criança, vamos convidar mais jovens nos nossos concertos”.

Interpretaram “Majurugenta”, “Vana va ndota”, “Matarlatanta”, “beijinho” entre outros sucessos da banda. Os moçambicanos conhecedores das músicas faziam coro, e os artistas agradeciam. Jorge Moisés no final do concerto reclama: “a casa não estava cheia, mas estava bom e sentimos que o público correspondeu”, disse.

Chen Wa Gune simplifica: “foi emocionante e é a realização dum sonho. Eles têm quase a minha idade como carreira, e sou fã deles. Tocamos sem recaídas e o público mais uma vez correspondeu com gritos. Já nem havia chapas, mas todos vieram para nos ver, obrigado por tudo”.

Assim a sede ia crescendo e os Ghorwane se retiravam do palco, depois de ter tocado 16 músicas.

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