NOITE quente de sexta-feira. Dia 9 de Janeiro de 2015. O único ventilador ligado no café e bar Gil Vicente não consegue combater o calor. Para agravar a situação, um grupo em concerto, Açúcar Castanho Experiment, adocica e esquenta ainda mais a noite.
Texto: Hélio Nguane Foto: Adiodato Gomes
Açúcar Castanho Experiment é uma banda formada recentemente. Samito Tembe (percussão e bateria) é o fundador. Em 2014 a banda deu os seus primeiros passos. Para a noite de sexta, ele convidou Sérgio Mudjidji (Viola Baixo), Timóteo Cuche (Saxofone) e Terêncio Tovela (Guitarra Soul).
Os músicos conhecem-se há muito tempo. Já dividiram vários palcos juntos.
“Toco com Samito desde 2001. Actua com Açúcar Castanho Experiment há cinco meses”, relata Mudjidji.
A amizade que Tovela tem com Samito já tem décadas. “Ele é um músico completo, gosto de trabalhar com ele”, refere Terêncio.
Sentado numa das mesas do Gil Vicente, um senhor de idade espera pelo concerto. Já passou uma hora e meia depois da hora prevista para o início. Com uma mão encostada no queixo e outra segurando um copo, ele acompanha o afinar dos instrumentos. É o momento do teste de som (Check-sound).
Antes do concerto iniciar, os músicos empolgam-se. Sem plateia, apenas com o olhar atento do senhor de idade e dos funcionários do Gil Vicente, eles já transpiravam o que tinham preparado para aquela noite.
Numa velocidade atípica para um check-sound, Timóteo Cuche (Saxofonista) entrou em êxtase. Já embalados, eles arrumaram os instrumentos e aguardaram mais 10 minutos para a entrada de mais público para o início do concerto. O público entrou. Aos poucos. Aconchegou-se. Vozes e gritarias na sala. Animação total.
O concerto vai iniciar. Samito Tembe deixou os dois membros da banda, Cuche e Mudjidji, e subiu ao palco. Num banco solitário trilhou os primeiros momentos do concerto. A precursão estava mais afinada que a voz.
Os membros da banda acompanhavam a trajectória solitária de Samito, enquanto ensaiavam o seu “feeling” para entrar em cena.
Samito deixou a precursão e firmou “matrimónio” com a bateria. Para consumar o acto, foi solicitado o apadrinhamento do viola-baixo e do saxofonista.
Na terceira música, a guitarra soul entrou na sala de concerto, esperou alguns segundos, tirou a guitarra da pasta, subiu ao palco, fez o teste de som e aguardou o momento certo para entrar em cena.
Cuche, numa noite feita à sua medida, soprava com o coração e arrancava aplausos do público. Tomado pelo calor do concerto, o “guitarra” soul inicia entra em acção. A banda já está composta.
A doçura do Açúcar!
A banda traz um som híbrido, uma mistura de ritmos diferente. “O Açúcar Castanho Experiment traz um som alternativo, uma linguagem diferente para mudar o cenário musical nacional”, descreve Terêncio.
A melodia conduzia os presentes a uma paisagem misteriosa e fascinante.
A bateria de Samito dialogava com saxofone de Cuche. O baixo dava harmonia à conversa. A guitarra soul moderava os ânimos e por vezes falava mais alto. A temperatura na sala subia.
O público que não preenchia todas as mesas do Gil Vicente, acompanhava o concerto. Eles espantavam o calor com aplausos e tomavam alguns líquidos refrescantes.
Ao ritmo da Banda, a sexta-feira deu lugar ao sábado. No calor da madrugada, os músicos repousaram os seus instrumentos e deixaram um sabor de açúcar castanho na mente dos presentes. Para quem deseja sentir este sabor pode faze-lo este domingo, 18 de Janeiro, no Núcleo D’Arte.
In Jornal Notícias