“Uma perspectica da fotografia Moçambicana”

“A fotografia já está a encontrar outros caminhos”- António Sopa

Maquina_fotografica_antiga[1]Um colóquio sobre a perspectiva da fotografia em Moçambique foi orientado, 4 de Dezembro, no Centro Cultural Português-Maputo, por António Sopa, sob êgide da Associação dos Médicos Escritores e Artistas de Moçambique (AMEAM).


Texto: Pretilerio Matsinhe

Maquina_fotografica_antiga[1]As fotos usadas na apresentação são antigas. Na sua maioria a preto e branco. Sob um olhar profundo, elas retractam África no período colonial e o mundo. Numa delas está sentada uma mulher olhando para a lente como que lhe faltasse a luz. São os maus trato. António Sopa explica: “essa foto foi feita na França a uma escrava africana”.

Sopa é um historiador, artista plástico e comentador fotográfico. Serenamente, ele traz o percurso da fotografia em Moçambique: “ela surgiu no em 1873-74, no Boletim Oficial da República, mas não temos imagens dessa época”, conta enquanto mexe nos computadores em sua frente.

A maioria das fotos daquela altura foi feita por franceses que visitavam, sobre tudo, a África norte.

Como esclarece o historiador, “em moçambique o primeiro estudo fotográfico surgiu em 1859, um pouco ligado com os irmãos J&M Lazarus e Thomas Lipi, que eram portugueses”.

Mas não foi nessa altura que ela se destacou. Sopa relata que “elas começaram a se evidenciar na década 1920 do século passado, no jornal Noticias, portanto com uma ligação com a imprensa.”

Nessas décadas os fotógrafos começaram suas carreiras profissionais. “É aqui que apareceram fotógrafos como Ricardo Rangel, que foi também formado em instituições como Focos, Fotos Portuguesa. Apareceram também figuras como Kok Nam ligados ao fotojornalismo”, conta Sopa.

Segundo o historiador, a maior parte destes profissionais continuam ligados à imprensa.

“Recentemente os fotógrafos inauguraram uma nova fase, sem ligações com a imprensa na sua maioria. Actualmente já procuram ter carreiras internacionais, estamos a falar de nomes como Mauro Pinto, Maqui Inácio”, exemplifica.

Sobre o estágio actual da fotografia em Moçambique, ele acredita que “está a encontrar outros caminhos, até porque, os fotógrafos já tem formações académicas”, revela.

Eles (os médicos) têm uma veia artística

Ngungunhane foi imperador de Gaza. Nas capas de livros de história encontra-se a figura dele rodeado por um exército.  Esse retrato foi feito e trazido por um médico por volta de 1885-1890.

A fotografia não tem lá muita qualidade, e Hélder Martins, presidente da AMEAM explica o porque: “era uma época em que a tecnologia ainda estava em evolução. Naquela altura para se imprimir uma foto usava se um vidro com substância química na presença da luz, o que impulsionava na impressão dela”.

Marins  foi intermediário para trazer a foto a Moçambique e o diário do médico para o arquivo histórico. Estavam dados os primeiros sinais da existência de médicos fotógrafos.

Na mesma sala em que decorria o colóquio, está patente uma exposição colectiva dos médicos. Fora do expediente, eles despem-se da função de salvar vidas e registam com uma câmera o que está ao seu redor.

“As ruas de passagem” são de António Marques. De nacionalidade moçambicana, ele se especializou em cardiologia. No catálogo, ele conta que se considera fotógrafo de viagem, que regista os lugares e olha a vida dos outros nesse breve tránsito.

“A rua é um espaço onde tudo se passa, e onde se cruzam vidas diferentes, é fascinante pela complexidade”, conta o médico fotógrafo.

Clara Ramalhão, de nacionalidade portuguesa, especializou se em neororradiologista. Em “viagem na minha vida a xipamanine”, ela revela sua paixão e sensibilidade com a fotografia: “permitam-me a partilha desses momentos de emoção pela imagem e fazer transparecer que na maior amálgama de gentes e poeiras descobre-se beleza”.
Mas a “luz” de João Fumane é que aquece, embala, inspira e alimenta o espirito. Ele é especialista em medicina interna e descobriu seu talento em 1980.
Em seus rabiscos no cátalogo, ele conta que “com a fotografia pretendo transmitir a força da luz da natureza e da obra do homem”. Foi com base na força e talento desses médicos que se resolveu criar a Associação em 2013.
“Eles têm dentro deles formas artísticas, ou seja, actos culturais e pretendem mostrar isso expondo suas fotografias aqui”, diz Martins, sobre o objectivo da criação da associação.
De referir que A exposição colectiva estará patente até dia 12 de Dezembro.

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