Produtos à venda na FEIMA sem saída

exposiçãoTudo parou naquele lugar. Desde que a Feira de Artesanato, Flores e Gastronomias de Maputo (FEIMA) fora inaugurado em 2010, as vendas nunca mais foram as mesmas. Artistas plásticos e revendedores de obras, patentes naquele lugar, numa breve conversa (no passado dia 9 de Dezembro) reclamaram a fraca afluência dos apreciadores de arte. 


Texto: Pretilerio Matsinhe
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Sentado debaixo de uma sombra, ele prepara as esculturas enquanto aguarda pela clientela. Ao seu redor é visível um conjunto de instrumento de ferro que usa para raspar a madeira. Salomão Jaime Nantsimbe (38 anos) é escultor. Vigia a sua banca enquanto trabalha as obras.
“As minhas esculturas têm cores naturais, uma delas é de pau-preto, mas cada uma com seu feitio. A outra que tenho hoje retracta a vida dum casal feliz mas no abstracto, a árvore que está na banca representa o amor da mãe pelo filho”, conta.
Nantsimbe trabalha na FEIMA há 4 anos. Durante esse tempo todo, ele não vê melhorias no seu negócio. “Este negócio não tem saída, as obras que fizemos não são comprados”. E aponta a causa: “agora temos dificuldades de vender porque o turismo está minado”, revela enquanto tenta concertar uma escultura dum rinoceronte.
Segundo conta o artista, “não há muitos clientes, é possível ficar um dia, por vezes mais, sem ter atendido alguém”. E dá o xeque-mate: “o negócio de artesanato está fraco”.
Pai de oito filhos, ele revela que a banca não consegue sustentar a família. Com uma tristeza profunda, ele conta como se sobressai: “A vida está difícil. Não há movimento, o negócio no mercado é fraco. Dependo da ajuda da minha mulher, que faz negócios em casa, para sustentar os nossos filhos e levá-los à escola.”.
“Vendemos muito no final do ano”
A falta de divulgação da feira faz com que as pessoas não conheçam-na. Nantsimbe conta que esculpe desde infância. Sem responsabilizar a ninguém, ele acredita que a falta de cliente seja a ausência do turismo.
“Alguma coisa não está bem, antigamente vinham machibombos a trazer turistas. Acho também que o mercado deve estar fora da mão”, revela aquele que acredita que vendia mais quando estava no interior da cidade. “Já não trazem turistas aqui há meses e as pessoas nem nos conhecem”, exprime.
Mas o escultor fala também da organização: “aqui está melhor porque cada um tem seu lugar”, porém, na rua os produtos saiam mais porque “as pessoas passavam por lá sem precisar fazer programa e compravam, mas agora não se faz nada para que nos descubram”, argumenta com um semblante desolador.
Apesar de tudo, há clientes que encomendam as obras. “As obras são mais vendidas em Dezembro e na páscoa”, revela o escultor.
Doutro lado está Nelson Nambongue de 39 anos. Ele é revendedor dos quadros de Guidoche, artista plástica. Sentado num banco, fala com os amigos enquanto aguarda pelos clientes.
Numa conversa breve, ele diz que as obras saem mais no mês de Dezembro: “as pessoas começam a comprar lá para dia 15 e início de Janeiro, mas agora está baixo”, revela.
Esperançoso, diz que os Moçambicanos já têm hábito de comprar quadros: eles já apreciam as artes”, conta enquanto repara nuns “brancos” que vão apreciando os quadros.
Com mais de 20 anos a vender quadros, ele conta que a organização é a melhor coisa que a feira trouxe: “vendia em frente da Polana Shoping. Aqui há organização porque cada um já tem sua banca, não é como estar na rua. Mas lá também havia vantagens porque as pessoas passavam e compravam”.
Pai de 3 filhos, ele fala das dificuldades que enfrenta para sustentar a família com base no negócio: “há momentos difíceis, não é fácil só vender quadros para a sustentação, tento ver qualquer coisa para a família, para o pão de cada dia. Me esforço”.

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