Mas o que é, afinal, Xiquitsi?

classicÉ um projecto de formação de orquestras e coros em Moçambique. E o resto já vamos saber. Criado  pelo movimento cultural kulungwana, com o objectivo de dar continuidade a um anterior festival internacional de música clássica organizada pelo mesmo movimento entre 2005 a 2012.

Mas o Xiquitsi teve inicio em 2013 nas suas duas vertentes: temporada de música clássica de Maputo e formação de orquestras e coro de Moçambique. Já foram organizados mais de 32 concertos e 40 sessões de workshop.

E porque este é o 10° aniversário do kulungwana, o concerto teve como enfoque o coro e orquestra em formação. É neste sentido que, o Centro Cultural Universitário abriu as suas portas, no passado dia 23 de Outubro, pelas 19 horas, para acolher a III série de concertos de música clássica.


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Num ambiente de muito brilho, e muita concentração, os mais de 80 artistas recém-formandos dividiram o palco para cantar e encantar o público que lá se fez presente. Sob direcção orquestral de Juan Maggiorami, os músicos soltaram suas vozes potentes para interpretar temas nacionais, como hossi catekissa afrika, Georgina de Fany Mpfumo, wene unga yale de Gabriel Chihau, entre outros.

A coordenadora do projecto explicou que “trata se dum projecto de inserção social e que o objectivo é atingir todas as camadas”, explica.

Sendo o primeiro concerto de música clássica só com músicos moçambicanos, “ a responsabilidade é acrescida, é mais um desafio e tem uma força grande” conta Kika Materula.

O projecto visa criar “primeira orquestra da música clássica moçambicana”, expressa o seu sonho Materula, que para além de professora de música, é oboista e solista.

Mas para Juan Maggiorani, a criação de uma orquestra “necessita de muito trabalho e muita inspiração”.

Director de orquestra pelo concerto do encerramento do ano lectivo, titular de vários prémios no mundo da música clássica, Maggiorani não esconde seu sentimento em relação concerto: “foi um concerto memorável, tive  muita alegria, muita experiência e transformação fantástica porque a música transforma as pessoas” manifesta-se.

Dono do primeiro prémio da música de câmera de concurso ”prémio jovens músicas”, Juan conta que “não enfrentei nenhuma dificuldade, pelo contrário, foi um aprender, tive muita experiência. Estes meninos tem uma vontade de querer aprender”.

Paula Longobardi, professora de violino, num tom de muita convicção, explica também que “não enfrentáramos muitas dificuldades, só no começo quando não conheciam os instrumentos”, ainda que ao “nível de som e de dinâmica estava muito menor quando chegamos,mas conseguimos em uma semana alcançar um som em grupo, que é muito importante”, demonstra a superação a professora de viola Sandra Martins.

Sem palavras para descrever o concerto, Martins mostra se surpreendida: “esperava encontrar algo bom, mas tão bom não esperava. Estou emocionada, essas crianças estão de parabéns por fazerem um trabalho fantástico”.

Expectativas superadas

A argentina Paula vê a música clássica sob outro prisma. Para ela “é tanto que música social”  e espera que os alunos “conheçam a música clássica e que compartilhem entre eles a nova forma  de se relacionar com a arte”.

“As expectativas são de ver os “meus meninos” a brilharem em cima dum palco”, revela a coordenadora do evento Kika. Aliás, kika não nota níveis de diferenciação entre música clássica e outros géneros, pois “ela tem a mesma força que outras músicas”, esclarece.

Sandra Martins elogia a actuação dos novos formandos: “Na primeira parte estive como espectadora e não parava de chorar por ouvir aquelas vozes. La em portugal não temos um coro assim. Sem palavras para descrever o que encontrei aqui, continuem a crescer”.

Dificuldades são superadas com muito trabalho

“A música necessita de muita inspiração, de muito apoio de estado e de toda a gente”, demonstra Juan, num tom de muita preocupação. Mas a verdade é que os miúdos “são fabulosos e conseguimos fazer esse concerto”, conta.

Oldemiro Baloi, ministro de negócios estrangeiro demonstrou seu encanto pela música clássica e elogia a iniciativa:”estamos convosco, vão em frente”, declara num tom muito solene.

Mas Kika não se propõe a falar de dificuldades. A solução e arregaçar as mangas e ir à luta: ”as dificuldades vamos tendo todos os dias, mas também vamos lutando para ultrapassá-los. O que temos de bom são os alunos jovens e moçambicanos que querem tocar, crescer e darem o melhor de si”.

Para Sandra Martins, professora de musica em portugal, não há níveis de diferenciação entre alunos moçambicanos e portugueses, e convida-os: “Convido vos para que venham fazer um concerto em parceria connosco”.

Maggiorani encoraja os organizadores a levarem avante esse projecto: “a mensagem é que continue porque os miúdos são muito talentosos”

Martins não foge à regra: “estão criadas as condições para se avançar com este projecto, pois este é o caminho. Nós também começamos assim, já vão 7 anos”, esclarece a professora.

”Valeu a pena e vai valer para daqui em diante, quando ver uma grande orquestra no palco e dizer que tem um dedinho meu ali”, conclui Kika.

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