Cuche e sua Banda em Xipamanine

aaafotoTimóteo Cuche mostrou que ainda tem os pulmões em dia e soprou o seu saxofone com convicção, no dia 25 de Julho, em mais uma sexta-feira Jazz, no Centro Cultural Municipal Ntsindya.


Fonte: Arquivo pessoal Cuche
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Nos primeiros momentos do espectáculo, saímos de xipamanine, local onde está situado Ntsindza, e nós sentimos nas terras do Uncle Sam, Estados Unidos da América. No palco, vigoravam as melodias blues e jazz.

Timóteo Cuche (saxofone e trompete) foi acompanhado por Cremildo Chitará (bateria), Dudú Stallin (guitarra), Nicolau Cauaneque (teclado) e Reinaldo Salato (Viola baixo).

A banda é uma mistura, traz diferentes experiências e formações académicas para enriquecer o agrupamento. Timóteo Cuche é, actualmente, docente de saxofone na Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane (ECA-UEM) e na Escola Nacional de Música. Cuche é o líder da UEM Youth Band. Nicolau Cauaneque e Reinaldo Salato tem uma ligação com a ECA-UEM. Cauaneque é formado em Música  e Salato ainda está a frequentar o curso. “Cuche é meu professor. Ele gosta de nos ensinar, passar sua experiência”, declara Salato.

Dudú Stallin é formado em Direito. Cremildo Chitará é finalista de Publicidade e Marketing na Escola Superior de Jornalismo (ESJ), estando em fase de defesa de seu trabalho de término de curso (TCC).

“Para mim eles não são apenas colegas de profissão, eles são mais que meus amigos, são a minha família”, reconhece Cuche.

Cuche foi o primeiro a apresentar-se no palco. Momentos depois, pousou o seu instrumento de guerra, saxofone, e deixou a banda demostrar o que sabe fazer: tocar. A Banda não se fez de rogada e agarrou a oportunidade.

O guitarrista, Dudú Stallin, entrou em êxtase precoce logo nos primeiros momentos do espectáculo. Stallin explodiu, mas foi o viola baixo. Reinaldo Salato é que arrancou os primeiros aplausos do público.

Timóteo Cuche, às vezes, esquecia da concessão que fez e dava uns beijos no saxofone, sem tirar som algum.

Na terceira música, voltamos para o solo pátrio, Moçambique. Timóteo Cuche resgatou o tema Chicuata do Mafalalence, habitante do emblemático bairro da Mafalala, António Marcos. A banda tocava a um ritmo acelerado. Ainda na terceira música, alguns rostos dos músicos já estavam transpirados.

A sala do Ntsindya tem mais de meia dúzia de mesas dispersas ocupadas por três dezenas de pessoas. “O público do Ntsindya é exigente e veio para o espectáculo para escutar Jazz”, descreveu Cuche.

No espectáculo, Cuche tocou cinco músicas da sua autoria, fruto de suas vivências. Mostrando a influência que teve na viagem ao Brasil, Cuche trouxe um tema com alguns toques do misticismo brasileiro, concretamente da Bahia. “Lá no Brasil, conheci o ritmo candomblé que apresenta algumas características que se assemelham com os ritmos zione. Tive a oportunidade de assistir missas e até recebi algumas pulseiras que até hoje conservo”.

No meio do espectáculo, Cuche saiu do palco e pisou o chão da plateia para homenagear os seus amigos no tema “ Meus amigos”.

No fecho do espectáculo, Cuche tirou da plateia dois estudantes da Escola Nacional de Música, o trompetista Inácio Pascoal e saxofonista Dickson Uthui, para interpretarem o tema “Meu Povo”. Inácio e Dickson, visivelmente surpreendidos pelo chamado do seu professor, agradeceram tocando e recebeu aplausos da plateia.

Para Inácio, foi uma honra participar do espectáculo: “Senti-me liberto. Foi bonito participar do espectáculo”, narra o momento, Inácio. Dickson considera Cuche “uma pessoa aberta” que lhe ensinou e contínua a ensinar-lhe muito. “Apesar do curto tempo, deu para mostrar o que podemos fazer”, disse.  

Cuche julga que o espectáculo foi bom. A banda tocou com a mesma energia do primeiro ao último minuto do concerto. No final, Cuche deu a fórmula para a energia da banda. “Por detrás de um artista existe uma grande banda. O que fizemos no espectáculo é resultado dos ensaios que o grupo tem feito. Nós tocamos com o coração”.  

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