Artes cénicas

Um xapa 100 no Teatro Avenida

Xapa 100A companhia teatral Mutumbela Gogo tirou da estrada o nosso transporte público mais popular, Xapa 100, e representou de forma artística no palco do Teatro Avenida. Com uma rota diferente, Zimpeto-Teatro Avenida, a peça quer, de certo modo, contribuir para a compreensão do que se passa neste meio de transporte que, durante anos, resolveu e continua a resolver o problema de transporte público urbano, em Maputo.


 Foto:https://www.facebook.com/nqtwalo.eu?fref=ts | (Nelson Faquir)

Xapa 100
 

A peça Xapa 100 My Love tem um elenco formado por jovens actores em ascensão acompanhados pelo já conceituado actor, Jorge Vaz, Horácio Mazuze, Dalila Figueiredo, Flávio Mabote, Tonecas Xavier, Samuel Nhamatate e Nilma Comba são os nomes que compõem o elenco. O texto é da autoria de Jorge Vaz e Félix Mambucho. O Teatro Avenida fez a produção. Manuela Soeiro e Jorge Vaz estão na direcção e assistência da peça.

Soeiro conta que foi complicado fazer a encenação da peça, dado que “Retractar algo que vivemos no palco não é fácil. É sempre complicado criar algo artístico. Depois de muito trabalho, conseguimos construir um xapa artístico. A ideia é passar as peripécias vividas nos xapas de forma descontraída, com música e dança a mistura”.

A peça traz a outra face dos xapeiros. Nela, observamos o seu sofrimento, os problemas que enfrentam diariamente. Tonecas Xavier viveu a personagem de um cobrador na peça e conta que depois da peça encara estes homens com outros olhos. “Xapa 100 my Love traz para o palco uma realidade social, o drama dos transportes públicos urbano para à reflexão. Sinto que existem aspecto sobre os xapeiros que sempre fogem. Às vezes esquecemos que eles são seres normais como nós; trabalhadores que lutam pela sua sobrevivência”.

Tonecas confessa que nos primeiros momentos da peça sentiu o medo e nervosismo, mas ao decorrer da peça este sentimento foi vencido. “Os primeiros momentos da peça me marcaram. Senti aquele frio na barriga, típico dos primeiros momentos. Passado isso, entreguei-me e fiquei mais solto”.

Tonecas Xavier e Jorge Vaz, que interpretam o papel de motoristas, são os protagonistas da peça, os xapeiros. Para Charlote, dividir o palco com Vaz é algo gratificante. “Contracenar com Jorge é o reconhecimento do meu trabalho. É satisfatório trabalhar com um actor do calibre de Jorge Vaz. Ele é aberto. Aprendí muito com ele”.

A actriz, Dalila Figueiredo, na peça encarnou o papel de passageira e viu a rotina destes homens, xapeiros, e apela à sua valorização. “O xapa faz parte de cada dia dos moçambicanos. Vale a pena ver a peça, garanto que vão aprender muito. Verão os dramas, a exploração e sofrimento pelo qual os xapeiros passam. Saberão que eles não são somente estes seres rudes e sem modos. Eles também têm sentimentos”.

Depois da peça, Dalila tem um sentimento particular. “Tenho a sensação de dever comprido. É gratificante fazer parte deste elenco. Aprendi e aprendo muito nesta companhia”.

No dia da estreia da peça, o público preencheu os acentos do Teatro Avenida e embarcou com o xapa 100 em todas as suas viagens. Benedita Chikela e Inácio Guambe assistiram à peça do primeiro ao último minuto. Para Chikela, a peça é “interessante, pois retracta o nosso dia-a-dia nos xapas. A peça trouxe a vida dos xapeiros e ainda nos fez sorrir”.

Guambe considera a peça divertida e lança um convite. “Todos deviam vir para assistir a peça. Nela, vi a rotina dos xapeiros de uma outra forma. Xapa 100 ensina muito, todos deviam apreender”.            

Plano para o futuro

Para Soeiro, os planos para o futuro são divulgar cada vez mais a peça e fazer com que os xapeiros venham ao teatro ver a peça. Para Tonecas, depois da estreia a ideia é superar as espectativas. “Lotar a sala do Avenida e conquistar mais e mais público.

 
 

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